As Equipas Multidisciplinares e o Controlo de Infeção

As exigências dos mercados de trabalho nas últimas décadas, principalmente a partir da Revolução Industrial, aliadas ao estudo crescente dos processos de organização das equipas, servem de base a esta reflexão.

Muito se tem estudado sobre comportamento organizacional e sobre as diferentes formas de organização do trabalho, com vista não só à obtenção de melhores resultados (eficácia e eficiência), mas também enquadrando a dimensão trabalho na abordagem das necessidades básicas humanas, em todas as suas vertentes, numa perspetiva humanista.

O trabalho surge, assim, como uma ferramenta de desenvolvimento pessoal e de sentimento de pertença a um grupo / sociedade, garantindo as necessidades gregárias e de satisfação do indivíduo num nível elevado no contexto das necessidades básicas humanas (Maslow, 1954 “A Theory of Human Motivation”).

A revisão mostra-nos que é a partir dos anos 50 / 60 do século XX que os estudos sobre os processos de formação de equipas começam a ter maior expressão, sendo os anos 80 marcados pelos estudos aplicados à área da saúde.

Surgem diferentes modelos conceptuais e emergem as características intrínsecas a cada modelo. De uma forma genérica é gradualmente integrada a noção de que o “total é maior do que a soma das partes” e é percebida a necessidade de substituição de uma gestão baseada no desempenho individual por uma gestão baseada no desempenho coletivo

As competências e habilidades ou técnicas específicas continuam a ser valorizadas, mas impera a noção de que devem ser acompanhadas por um conhecimento muito amplo, numa ótica de multiespecialização (banda larga).

É dada enfase à inteligência emocional nas organizações e ao desenvolvimento das habilidades relacionais dos diferentes membros das equipas, no sentido da cooperação em detrimento da competição.

Relativamente aos modelos, destacam-se três tipos de modelos organizativos: o multidisciplinar, o interdisciplinar e o transdisciplinar.

No primeiro (multidisciplinar) o conceito subjacente é o do contributo de várias disciplinas do Saber, em que cada uma mantém a sua metodologia interna e a sua teoria, dando um contributo específico para a obtenção de um resultado imediato.

Relativamente ao segundo modelo (interdisciplinar), a noção é de integração de várias disciplinas com uma perspetiva metodológica comum, promovendo a integração de resultados e a busca de soluções através da articulação de saberes.

Margarida Valente (PPCIRA- Programa de Prevenção de Controlo de Infeções e de Resistências aos Antimicrobianos)

Artigo publicado na edição nº91 da TH

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