Unidades locais de saúde, centros de saúde e saúde local: Tanto percorrido, tanto a percorrer
- 15 setembro 2025, segunda-feira
- Gestão

FOTOGRAFIA SARCIFILIPPO/ PIXABAY
Em julho de 2025, foi publicado o “Fit for the Future – 10 year Health Plan for England”.1 Das três linhas mestras para transformar o “NHS England”, a primeira delas tem, em Portugal, um percurso de cerca de 55 anos. Refiro-me aos centros de saúde instituídos em 19712-4, pioneiros dos cuidados de saúde primários (CSP) promovidos pela OMS/UNICEF a partir de 1978.
A primeira linha anunciada para transformar o NHS England consiste em mudar o foco do hospital para a comunidade. Assenta nos “neighbourhood health centres”. No Reino Unido, os CSP têm assentado nas “GP practices”. Isto é, consultórios de um ou dois médicos de família, ou consultórios de grupos maiores de médicos, na maioria independentes, que prestam serviço público para o SNS britânico. A experiência de centros de saúde limita-se a alguns locais. Agora é proposta a generalização dos centros de saúde, que passam a ter capacidades de resposta de proximidade, com qualidade, para a grande maioria das necessidades de saúde dos cidadãos. Disporão de equipas multiprofissionais, bem como de equipamentos e tecnologia para poder assegurar todos os cuidados que possam ser prestados em proximidade. As respostas deverão ser, desejavelmente, no próprio dia, ou com agendamentos para data adequada. Promoverão, o mais possível, a simultaneidade e diversidade de cuidados, para evitar que os doentes andem dias a fio, de um lado para o outro, em percursos assistenciais complicados e demorados, com sofrimento e desperdício de tempo evitáveis. É até usada a analogia “one stop shop”.
Mudando o enfoque para Portugal, é justo sublinhar que o caminho inovador dos centros de saúde foi iniciado há mais de cinco décadas, apesar das hesitações, avanços, recuos e desvios ao longo deste já longo percurso. (...)
Por Victor Ramos
Médico
Especialista em Medicina Geral e Familiar
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