Especialistas propõem estratégia para melhorar acesso a terapias celulares

FOTO: HERNEY/ PIXABAY

O reforço de infraestruturas e de recursos humanos, a criação de um modelo centralizado de financiamento e de uma rede nacional de referenciação, bem como o investimento na geração de evidência e o incremento de apoios a pacientes e cuidadores são as prioridades identificadas pelos peritos envolvidos na iniciativa SHARP

Promovida pelo NOVA Center for Global Health (NCGH), da NOVA Information Management School (NOVA IMS), com o apoio da Kite, uma empresa Gilead Sciences, esta iniciativa pretende traçar uma agenda estratégica que garanta o acesso equitativo às terapias celulares, com particular foco na terapia com células CAR-T, segundo um comunicado da Nova IMS.

Neste sentido, a iniciativa SHARP produziu um relatório sobre o futuro da terapia com células CAR-T em Portugal, delineia um caminho para a expansão e sustentabilidade da adoção desta terapia.

Citado no relatório, Henrique Lopes, Diretor do NCGH, afirma que “o que este relatório propõe é uma ponte entre a inovação científica e a decisão política – um contributo para que os atores políticos e institucionais disponham das bases necessárias para tomar decisões informadas para garantir a adoção sustentável e equitativa destas terapias em Portugal”.  Acrescenta ainda que “o desafio é coletivo: transformar as recomendações em decisões que façam a diferença na vida dos doentes e na capacidade de resposta do sistema de saúde”.

A terapia com células CAR-T (Chimeric Antigen Receptor T-cell therapy) consiste numa imunoterapia personalizada, onde os linfócitos T do próprio paciente são geneticamente modificados para reconhecer e eliminar células cancerígenas. Apesar da sua eficácia clínica comprovada, o acesso a este tratamento em Portugal ainda enfrenta desafios significativos, nomeadamente a heterogeneidade de critérios de referenciação e elegibilidade para tratamento, a limitada evidência de utilização das terapias celulares e de divulgação de dados epidemiológicos atempadamente, o que dificulta a tomada de decisão a todos os níveis, um modelo de financiamento inadequado e custo elevado da terapia, dificultando a sustentabilidade e a expansão da sua utilização, insuficiência de infraestruturas, recursos materiais e recursos humanos especializados, restringindo a disponibilidade para expansão da utilização da terapia e escassez de apoios dedicados aos pacientes, cuidadores e suas famílias, limitando a acessibilidade à terapia e a facilidade de completar todo o processo de tratamento.

A iniciativa SHARP identificou cinco eixos de atuação prioritários para garantir o acesso equitativo e atempado a esta terapia no Serviço Nacional de Saúde: Investir na capacitação dos profissionais e dos serviços de saúde, garantindo a alocação dos recursos necessários, através da criação de equipas dedicadas às terapias celulares e da agilização do acesso a meios complementares de diagnóstico e terapêutica; a criação de um programa vertical de financiamento centralizado, o desenvolvimento de uma rede nacional de referenciação para terapias celulares e uniformizar os critérios de elegibilidade para tratamento; a garantia de suporte socioeconómico, logístico e formativo necessário ao paciente, seu cuidador e família; e o fortalecimento da capacidade de gerar e divulgar evidência de mundo real na área das terapias celulares.

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