SPP apela a maior acesso à reabilitação respiratória

Foto: CNordic / pixabay

Menos de 1 % dos doentes têm acesso a Reabilitação Respiratória, contabiliza a Sociedade Portuguesa de Pneumologia, que apela ao desenvolvimento de mais programas e à sensibilização da população para a existência do tratamento

Dados de 2021 reportam que menos de 3 % dos doentes com patologia respiratória crónica têm acesso a um programa de Reabilitação Respiratória. “Em Portugal, os últimos dados disponíveis apontam para que menos de 1 % dos doentes têm acesso a Reabilitação Respiratória”. As contas são de Bruno Cabrita, coordenador da Comissão de Trabalho de Reabilitação Respiratória da Sociedade Portuguesa de Pneumologia (SPP).

Segundo a associação, praticamente todos os doentes podem beneficiar de alguma estratégia de Reabilitação Respiratória, mas os que têm doença pulmonar obstrutiva crónica (DPOC) são o grupo para o qual os benefícios estão mais estudados. Contudo, “outras patologias têm sido estudadas nos últimos anos e demonstrado também significativos benefícios, tais como: asma, bronquiectasias, doenças do interstício pulmonar, cancro do pulmão ou patologias da pleura”, enumera Bruno Cabrita, citado no comunicado.

De acordo com o pneumologista, na DPOC, está bem documentada a melhoria dos sintomas, da qualidade de vida, da capacidade de exercício, da redução do internamento hospitalar e também da mortalidade. Na verdade, “nestes doentes a evidência é tão clara que já nem é considerado ético realizar mais estudos com grupos de controlo aos quais não é oferecida Reabilitação Respiratória”.

Outras patologias têm demonstrado benefícios semelhantes nos últimos anos, mas ainda com menos robustez. São necessários mais estudos, com amostras maiores, tal como realizado na DPOC, embora as orientações terapêuticas recomendem oferecer Reabilitação Respiratória noutras patologias. 

A Reabilitação Respiratória tem sido cada vez mais recomendada para o tratamento da DPOC (em doentes sintomáticos ou exacerbadores apesar da terapêutica inalatória otimizada) e de outras patologias respiratórias, embora esteja ainda subutilizada a nível mundial. “Tem sido bastante fomentada e divulgada, nomeadamente pela SPP, junto da população, mas também dos profissionais de saúde, pelo que a tendência de referenciação tem sido crescente”, sublinha Bruno Cabrita.

A escassa referenciação por profissionais de saúde, que ainda não estão suficientemente sensibilizados para os benefícios da Reabilitação Respiratória, é uma das dificuldades apontadas pela associação, acompanhada da reticência por parte dos doentes em aceitar realizar um tratamento que inclui exercício físico, quando os seus principais sintomas ocorrem durante o esforço. Acrescenta-se também a dificuldade em conseguir meios de transporte que assegurem visitas hospitalares regulares para realizar Reabilitação Respiratória (aspeto onde a telemedicina ajuda) e o escasso número de programas de Reabilitação Respiratória tradicionalmente disponíveis e, por vezes, com escassa capacidade de resposta, ainda que a SPP reconheça que esta rede tem vindo a ser ampliada.

Facilitar o acesso de um maior número de doentes a programas de Reabilitação Respiratória implica o desenvolvimento de mais programas, “sobretudo programas menos tradicionais (comunitários, domiciliários, por telemedicina…), com menos recursos e que possam intervir em doentes mesmo à distância ultrapassando, desta forma, imensas barreiras que continuam a existir”. Outra medida, passa por estimular mais profissionais a dedicarem-se a esta área, bem como sensibilizar e atrair mais financiamento para o desenvolvimento e manutenção dos programas. “É também importante atuar junto da população e sensibilizar para a existência deste tratamento e dos benefícios que a mesma traz, ultrapassando mitos e crenças pouco fundamentadas”, defende Bruno Cabrita.

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