Entrevista a Carlos Santos

  • 29 dezembro 2022, quinta-feira
  • Gestão

O Presidente do Conselho de Administração do CHUC fala-nos das estratégias deste centro hospitalar para melhor servir os utentes, seja em termos de serviços clínicos seja no conforto das instalações. Carlos Santos avalia também a margem de progresso de algumas disposições introduzidas pelo novo Estatuto do SNS.

Entrevista por Abraão Ribeiro, Fernando Barbosa, Torres Farinha e Cátia Vilaça | Fotografia por Cátia Vilaça

Fale-nos um pouco do seu perfil.

Nasci em Coimbra, onde fiz a instrução primária e o ensino secundário. Sou licenciado em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra e fiz estágio de advocacia, pelo que, à partida, a minha orientação profissional estaria virada para essa área. Depois, decidi candidatar-me à Escola Nacional de Saúde Pública, onde ingressei, em 1986. Fiz a pós-graduação em Administração Hospitalar e estagiei na Maternidade Bissaya Barreto. Fiz o último estágio no IPO, onde fiquei a trabalhar. Inicialmente como adjunto do Conselho de Administração, acompanhei o processo de transição dos Institutos de Oncologia relativamente à aplicação da Lei de Gestão Hospitalar de 1988.

Mais tarde, assumi a responsabilidade da gestão financeira do IPO de Coimbra, o que obrigou a um novo esforço e a um novo investimento nesta área económico-financeira. Desempenhei essas funções até 2001, e nesse ano fui convidado para integrar o Conselho de Administração do IPO. Mantive-me durante vários mandatos, sob a presidência do Dr. Manuel António da Silva, uma figura muito conhecida em Coimbra e no país. Com a aposentação do Dr. Manuel António, presidi ao Conselho de Administração durante pouco mais de um ano, na fase de transição entre a aposentação e a nomeação da nova equipa.

Tive atividade docente na Escola Superior de Enfermagem de Coimbra e na Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Coimbra. Mantenho também uma colaboração com a Faculdade de Medicina na área da Economia e Gestão da Saúde, e em 2018 integrei o Conselho de Administração do Centro Hospitalar Universitário de Coimbra, a meio do mandato do anterior conselho. Fui vogal financeiro e tinha as áreas económicas a meu cargo. Em 2020, fui nomeado presidente do Conselho de Administração do CHUC, cargo que mantenho até à data.

Que desafios encontrou na transição do IPO para o CHUC?

Os institutos de oncologia têm praticamente o mesmo conjunto de especialidades e de respostas de qualquer hospital geral, mas estão orientadas e organizadas para o diagnóstico, tratamento e estadiamento das doenças oncológicas. Nesse sentido, não são unidades hospitalares monovalentes como são, por exemplo, os hospitais psiquiátricos. Houve áreas que, pelo facto de não existirem no IPO, me colocaram o desafio de as conhecer por dentro. Desde logo, o peso da urgência. O serviço de urgência hospitalar é, provavelmente, a maior disrupção que os hospitais gerais estão a enfrentar neste momento, porque acaba por ser a porta de entrada no sistema, quando não deveria ser. A porta de entrada deveriam ser os cuidados primários, e não estão a ser por um conjunto de vicissitudes.

Esse facto impacta negativamente em toda a programação de cuidados. Basta pensar na necessidade de alocar recursos humanos a escalas de urgência para fazer face a uma resposta muitas vezes dirigida a doentes triados com a cor verde e azul, que poderiam e deveriam ter um atendimento nos cuidados primários. Esses recursos deixarão de estar disponíveis, no dia seguinte, para a atividade programada. (...)

Leia a entrevista completa na TecnoHospital nº114, nov/dez 2022, dedicada ao tema 'Robótica em Cuidados de Saúde'

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