Tecnologia portuguesa quer mitigar escassez de órgãos para transplante

Uma investigação de Bruno Guerreiro, aluno de doutoramento da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade NOVA de Lisboa, quer ajudar a trazer significativos avanços na preservação de órgãos humanos de transplantes críticos.

Durante o seu trabalho de doutoramento, Bruno Guerreiro descobriu que o FucoPol, um polissacárido rico em fucose, não só diminui o diâmetro dos cristais de gelo formados para tamanhos não danosos para o material biológico, como também consegue controlar o estágio de nucleação do seu crescimento.

Já na sua mais recente investigação, publicada como “Enhanced Control over Ice Nucleation Stochasticity Using a Carbohydrate Polymer Cryoprotectant”, demonstra que consegue controlar o processo de criopreservação ao seu nível mais fundamental, e os órgãos para transplante poderão assim suportar mais tempo em trânsito, mas também em biobancos, ajudando a mitigar o problema da escassez de órgãos em hospitais.

Mediante o potencial do trabalho desenvolvido, o investigador recebeu apoio financeiro do Programa Fulbright Portugal, da Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento e da Companhia de Biólogos para colaborar com a Universidade da Califórnia, Berkeley.

O FucoPol é um polissacárido, um polímero composto por pequenos açúcares unidos em cadeia, produzido por uma bactéria. Além de ser crioprotetor e estruturado, produz soluções aquosas viscosas e é antioxidante, características benéficas para o processo de criopreservação.

“Podemos agora preservar tecidos e órgãos com maior qualidade, a temperaturas mais acessíveis e durante muito mais tempo”, referiu o investigador Bruno Guerreiro.

“Na maioria dos casos, um paciente dador cede um órgão numa altura que não coincide com o momento em que um paciente precisa de transplante, por isso temos de ter os meios para o preservar. Atualmente, a procura por transplantes excede em dez vezes a oferta, e são poucos os que associam esse problema à inexistência de um sistema eficiente de preservação de órgãos”, concluiu o investigador.

Esta investigação científica, que se foca em compreender como polímeros de carboidratos produzidos biotecnologicamente e sem qualquer toxicidade podem ser os novos crioprotetores alternativos, teve início em 2016 por um painel de investigadores composto por Bruno Guerreiro, Filomena Freitas, Maria Ascensão Reis, Jorge Silva e João Lima, numa colaboração entre as unidades de investigação UCIBIO, LAQV e CENIMAT.

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