IPO Lisboa realiza cirurgia inovadora em doente com cancro da bexiga
![](/userfiles/images/blog/700-ipo-lisboa-cirurgia-bexiga.jpg)
Uma equipa do Serviço de Urologia do Instituto Português de Oncologia de Lisboa Francisco Gentil (IPO Lisboa) realizou pela primeira vez uma cistoprostatectomia radical (remoção da bexiga, da próstata e dos gânglios pélvicos) por via laparoscópica num doente com tumor da bexiga.
A cirurgia decorreu no dia 19 de março, num homem de 65 anos com tumor da bexiga localizado e não tratável por via endoscópica (através da uretra), a abordagem convencional neste tipo de tumores. De acordo com o IPO Lisboa, o doente encontra-se bem.
“Esta cirurgia implica a remoção da bexiga e a construção de um canal, utilizando ansas de intestino, que fica ligado à pele através de um estoma, para eliminação da urina (urostomia). A visualização em alta-definição, com torres de imagem com grandes ecrãs 3D, permite uma cirurgia de maior precisão e com a sensação de imersão no interior do doente. A abordagem laparoscópica possibilita que toda a equipa acompanhe o cirurgião nos passos da cirurgia, o que não é possível na cirurgia aberta”, explicou o médico urologista Rodrigo Ramos que integrou a equipa de três cirurgiões, dois anestesistas, quatro enfermeiros e dois assistentes operacionais.
O procedimento é realizado através de quatro pequenas incisões (portas) localizadas na proximidade do umbigo, que permitem o acesso de uma câmara de 3D e dos instrumentos cirúrgicos.
Muito menos agressiva do que a cirurgia convencional, a excisão da bexiga por via laparoscópica é uma técnica ainda realizada em poucos centros e que só pode ser executada por equipas médicas muito treinadas.
Rodrigo Ramos disse que “este passo só foi possível graças à enorme experiência que os urologistas e anestesistas do IPO Lisboa adquiriram com a realização de mais de cem prostatectomias radicais laparoscópicas, uma técnica cirúrgica que se faz por rotina nos tumores da próstata com indicação cirúrgica”.
De acordo com o IPO Lisboa, o cancro da bexiga é mais agressivo do que o cancro da próstata e a cirurgia da bexiga também é mais complexa e invasiva para os doentes, com pós-operatórios longos e difíceis e complicações mais frequentes, que afetam cerca de 25 por cento dos doentes.
As vantagens da abordagem laparoscópica são várias: “É menos invasiva do que a cirurgia convencional, tem menos complicações no pós-operatório e permite uma recuperação mais rápida dos doentes, com internamentos mais curtos. O tempo operatório é um pouco mais demorado, mas em serviços de internamento com taxas de ocupação superiores a 90 por cento, como sucede no IPO, esta abordagem permite a otimização das camas e dos recursos disponíveis”, explicou Rodrigo Ramos.
Segundo o médico, depois de realizada a primeira cistoprostatectomia radical por via laparoscópica, “o Serviço de Urologia do IPO pretende disponibilizar esta técnica a um maior número de doentes, de forma rotineira, como se faz na próstata e no rim”.
Outros artigos que lhe podem interessar