Entrevista a Artur Vaz

Falta de pensamento estratégico é o diagnóstico que sobressai da análise de Artur Vaz ao estado do SNS. As consequências, degradação de estruturas, do serviço e fuga de profissionais. Para o administrador hospitalar, que dividiu a carreira entre público e privado, falta capacidade de gestão e exigência, e iniciativa para reformar o SNS sem pruridos ideológicos.

Entrevista por Abraão Ribeiro, Fernando Barbosa, Durão Carvalho, Paulo Salgado e Cátia Vilaça  | Fotografia D.R.

Fale-nos um pouco do seu perfil.

Depois do curso de Administração Hospitalar, entre 1981 e 1983, passei pelos vários hospitais de Coimbra. Comecei no Sobral Cid, depois nos HUC, onde acompanhei a mudança para o novo edifício. Depois passei para o Centro Hospitalar de Coimbra, onde fiquei responsável pelo Hospital dos Covões e também tive uma passagem breve pela ARS Centro e pelo IPO, onde estava quando fui convidado a abrir o Hospital Amadora-Sintra, em 1996, a primeira parceria público-privada, onde estive de 1996 a 2003. Depois comecei a trabalhar na Espírito Santo Saúde, que agora se chama Luz Saúde, a preparar os concursos para a as parcerias público-privadas do Hospital de Loures, Cascais e Vila Franca de Xira. Entretanto, fui encarregue da abertura do Hospital da Luz em Lisboa, em 2006. Em 2008 fui convidado pelo Ministério da Saúde para assumir a presidência do Conselho de Administração do Amadora-Sintra, cargo que mantive até abril de 2011, quando assumi as funções de administrador executivo do Hospital Beatriz Ângelo, parceria público-privada ganha pela Espírito Santo Saúde. Agora sou administrador executivo da Luz Saúde, com os pelouros da gestão de risco, compliance e sustentabilidade. Ao todo, são 40 anos de trabalho – 17 no setor público e 23 no privado.

Quais são as diferenças que mais caracterizam os dois setores, com base na sua experiência?

Começo por sublinhar o que é igual, as pessoas, e há pessoas excelentes, pessoas menos excelentes e medíocres, até, em ambos os setores. É com elas que trabalhamos, é com elas que partilhamos os sucessos e as derrotas. O que é diferente é o contexto. Discuta-se ou não o tipo de objetivos que cada um dos setores possa ter, no setor privado há uma clareza estratégica. Todos temos um roadmap, todos sabemos os passos que é preciso dar, todos sabemos quando chegamos ao sítio onde queremos chegar, ou quando ultrapassamos essa expectativa, todos antecipamos o que é necessário para conseguirmos fazer esse percurso.

A gestão pública acaba por mudar muito, por ser muito flutuante, por depender muito das pessoas que em cada momento estão nos cargos, seja no Ministério da Saúde, seja nos hospitais e, de facto, há falta de perspetiva estratégica. Se eu vos perguntar hoje o que é suposto que o SNS seja daqui a um ano, três anos, cinco anos, nenhum de vós me sabe responder. Não há um papel escrito sobre isto há muitos anos. Sem direção, as pessoas podem fazer o melhor possível, mas não sabem para onde vão nem como lá chegam. Esta é a principal preocupação que tenho relativamente à gestão do SNS. (...)

Leia a entrevista completa na TecnoHospital nº117, mai/jun 2023, dedicada ao tema 'Meios Complementares de Diagnóstico'

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