Energia: eficiência e novos recursos nos hospitais

28 fevereiro 2023, terça-feira
Energia Gestão

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Quando pensámos no dossier, o nosso foco estava na implementação e balanço do Programa POSEUR, iniciado em 2017.

Contudo, foram e ainda estão sendo realizadas intervenções em alguns hospitais, como se verifica em dois dos artigos que integram este dossier, mas ainda não é possível ter um balanço final do que foi e será feito, bem como do retorno financeiro pela diminuição da fatura energética. Esperamos ter este balanço no início do próximo ano, o qual será apresentado nas páginas da TH.

Integram este dossier quatro artigos, muito interessantes, que debatem esta temática. Resumidamente, faremos aqui a sua introdução.

O Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa foi um dos hospitais que se candidataram ao POSEUR, tendo implementado várias medidas corretivas de melhoria das suas instalações, substituindo as lâmpadas fluorescentes por tubos de tecnologia LED, complementando a racionalização da utilização da iluminação artificial com o sistema de gestão da iluminação, além de instalar detetores de presença nos locais mais exíguos, em substituição dos tradicionais interruptores. Estão em estudo e/ou implementação outras medidas interventivas sobre o sistema de AVAC e seus componentes, de forma a tornar esta instalação energeticamente mais eficiente.

O Hospital de Santa Maria também se candidatou ao POSEUR, tendo implementado seis medidas corretivas e de melhoria com vista a uma maior eficiência e racionalidade energética. São elas a substituição da iluminação existente por tecnologia LED, a centralização da produção de fluidos térmicos e instalação de GTC, a remodelação do sistema de aquecimento de água sanitária, a instalação de um parque de painéis fotovoltaicos, a instalação de um sistema enerkeeper e a substituição de caixilhos de ferro por alumínio com corte térmico.

É um artigo muito interessante porque nos dá a conhecer a metodologia utilizada na abordagem da implementação destas medidas, quantificando o seu valor e, nalguns casos, já o retorno obtido, que lhes permitiu reforçar a candidatura.

O terceiro artigo teve por base a tese de mestrado de um aluno do ISEC, cujo desenvolvimento foi feito com base na auditoria energética ao Hospital Geral – Covões, que integra o Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra. A auditoria sugeria várias medidas a implementar: algumas têm vindo a ser executadas e outras estão em fase de execução. A simulação efetuada para as diversas medidas conduziu a um quadro onde se quantifica a redução dos consumos, se estima o valor do investimento, o impacto na redução do consumo total e o retorno financeiro do investimento traduzido em anos. Este artigo é um excelente guia para ser utilizado na abordagem a edifícios do SNS com instalações antigas.

O quarto artigo é um excelente trabalho de investigação, onde se comparam os gastos energéticos em edifícios da saúde em vários países e faz o enquadramento legal do que deve ser feito nos edifícios do SNS, ressalvando o aspeto de que os edifícios hospitalares são corpos vivos, logo, dinâmicos, e que qualquer intervenção nos edifícios existentes tem de ter em conta a manutenção do seu funcionamento com um mínimo de perturbação. Identifica o maior consumidor nestes edifícios, o AVAC, daí maior incidência nas medidas a tomar no âmbito destas instalações. Preconiza também a adoção da tecnologia LED e a instalação de painéis fotovoltaicos para autoconsumo e também o solar térmico, aliás já previsto como obrigatório.

Este conjunto de artigos, quer pela experiência e competência dos seus autores, quer pelos casos concretos abordados, constitui um dossier de muito boa qualidade nesta matéria e de utilidade para quem se interesse pelo tema.

Em colaboração com Pascoal Faísca