580 mil utentes aguardavam em dezembro 1ª consulta hospitalar

Mais de meio milhão de doentes aguardava, em dezembro de 2022, a primeira consulta da especialidade num hospital público, a pedido de um centro de saúde, com quase metade a esperar mais do que o tempo regulamentado.

Os dados são da Entidade Reguladora da Saúde (ERS) e constam numa informação sobre a monitorização dos tempos de espera no Serviço Nacional de Saúde (SNS) no segundo semestre de 2022, em particular nas primeiras consultas hospitalares e na atividade cirúrgica.

Segundo a ERS, a 31 de dezembro havia 581 909 utentes à espera da primeira consulta da especialidade num hospital do SNS, a pedido de um médico de um centro de saúde, sendo que quase metade (47 por cento) desses utentes aguardava pela consulta acima do tempo máximo permitido.

Nestas consultas foram excluídas as consultas de cardiologia e as consultas com suspeita ou confirmação de doença oncológica.

Ao todo foram realizadas, no segundo semestre do ano passado, 605 035 primeiras consultas de especialidade hospitalar a pedido dos centros de saúde, representando um aumento de 13 por cento face a igual período de 2021.

Contudo, o tempo de espera foi ultrapassado em cerca de 43 por cento das consultas efetuadas.

Numa nota à comunicação social, a ERS ressalvou que, devido a “constrangimentos decorrentes dos sistemas informáticos” dos hospitais, não foram consideradas na análise as primeiras consultas da especialidade realizadas a pedido dos hospitais.

De acordo com os dados da ERS, no final do segundo semestre do ano passado 1 258 pessoas aguardavam a primeira consulta hospitalar com suspeita ou confirmação de doença oncológica, com a maioria (70 por cento) a esperar mais do que o tempo regulamentado.

No mesmo período houve um aumento de 14 por cento destas consultas, para um total de 9 301, face ao segundo semestre de 2021, mas o tempo máximo de espera foi ultrapassado em cerca de 46 por cento das consultas realizadas.

A 31 de dezembro 6 923 doentes com cancro aguardavam cirurgia, sendo que a espera era superior ao limite legal em 24 por cento dos casos.

No segundo semestre de 2022 foram feitas 29 540 cirurgias oncológicas programadas – mais três por cento face ao período homólogo de 2021 – mas cerca de 22 por cento dos doentes operados foram atendidos com tempos de espera superiores ao definido por lei.

Na especialidade de cardiologia, 15 406 doentes aguardavam a 31 de dezembro a primeira consulta num hospital, com a maioria (85 por cento) a esperar mais do que o tempo regulamentado.

Um total de 2 880 doentes cardíacos estava à espera de ser operado, sendo que para metade (51 por cento) o tempo definido por lei para fazer a cirurgia fora ultrapassado.

Entre junho e dezembro de 2022 foram realizadas 19 587 primeiras consultas de cardiologia nos hospitais do SNS – um aumento de 12 por cento face ao segundo semestre de 2021 – mas o tempo de espera foi superado na grande maioria das consultas (cerca de 89 por cento).

A ERS indicou que foram feitas 4 093 cirurgias cardíacas programadas – uma diminuição de um por cento em relação ao segundo semestre de 2021 – e que, em 28 por cento dos casos, o tempo de espera foi ultrapassado.

Excluindo as cirurgias cardíacas e oncológicas, foram realizadas nos hospitais públicos 254 205 cirurgias programadas no segundo semestre de 2022 – um aumento de quatro por cento comparativamente ao período homólogo de 2021 –, mas cerca de 11 por cento dos doentes tiveram de esperar acima do limite legal.

A 31 de dezembro, contudo, 189 358 doentes ainda esperavam por uma cirurgia programada, 23 por cento dos quais com uma espera superior ao tempo máximo regulamentado.

A ERS concluiu, ainda, que nos centros de saúde o tempo de espera foi ultrapassado entre 13,6 por cento e 23,8 por cento nas consultas ao domicílio e entre 2,4 por cento e 10,4 por cento nos pedidos de renovação de medicação.

Newsletter TecnoHospital

Receba quinzenalmente, de forma gratuita, todas as novidades e eventos sobre Engenharia e Gestão da Saúde.


Ao subscrever a newsletter noticiosa, está também a aceitar receber um máximo de 6 newsletters publicitárias por ano. Esta é a forma de financiarmos este serviço.