Tratamento minimamente invasivo para a estenose aórtica

O Hospital do Espírito Santo de Évora realizou a primeira implantação de uma válvula aórtica através da técnica minimamente invasiva, a um doente de alto risco com cirurgia coronária prévia.
A cirurgia incluiu dois bypass de mamária permeáveis, que inviabilizavam uma reoperação de estenose aórtica, e o paciente teve alta ao fim de 24 horas.
A técnica minimamente invasiva para implante de uma válvula aórtica foi introduzida em Portugal há 12 anos e constitui, para muitos doentes, a única opção, possibilitando uma rápida recuperação dos doentes.
Segundo o coordenador do Registo Nacional de Cardiologia de Intervenção (RNCI) da APIC, Rui Campante Teles, existem diversas barreiras que têm limitado o crescimento da técnica em Portugal, sobretudo a escassez no número de salas de hemodinâmica e de cardiologistas de intervenção.
“A expansão do tratamento tem ocorrido em paralelo com a sua segurança e projetos no SNS como este, tal como outros lançados por equipas multidisciplinares de Heart Team há vários anos em centros privados, terão certamente um papel na aproximação à prática Europeia e à mitigação das desigualdades no acesso à saúde cardiovascular das populações. É importante organizar e aumentar os recursos para a intervenção cardíaca e atrair mais cardiologistas e cirurgiões cardíacos treinados aos laboratórios de hemodinâmica para que os doentes tenham a reposta que necessitam” salientou Rui Campante Teles.
O coordenador do CRI Cérebro-cardiovascular, Lino Patrício, que liderou a equipa multidisciplinar da cirurgia, disse que o hospital executou um plano específico a vários níveis para assegurar condições similares às de outros centros nacionais, com cardiologia de intervenção, cirurgia cardíaca, anestesista, imagiologia, enfermagem e técnicos treinados.
“Dispusemos de equipamentos de assistência circulatória em caso de emergência, o que raramente acontece, mas é indispensável pois, apesar de ser já uma rotina em muitos locais, trata-se de um procedimento altamente diferenciado por cateterismo”, explicou Lino Patrício, acrescentando que esperam desenvolver uma resposta multidisciplinar em parceria para que os doentes que necessitam de tratar a estenose aórtica possam, doravante, ser avaliados e tratados em proximidade.
Em Portugal, estes procedimentos minimamente invasivos da válvula aórtica estão agora disponíveis em oito centros cardiológicos do Serviço Nacional de Saúde, sendo eles o Centro Hospitalar Vila Nova de Gaia/Espinho, Hospital de São João, Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, Hospital de Santa Marta, Hospital de Santa Cruz, Hospital de Santa Maria, Hospital do Funchal e Hospital do Espírito Santo de Évora, e ainda em vários centros privados.
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