Reforma do SNS: as prioridades dos Administradores Hospitalares
- 30 outubro 2025, quinta-feira
- Gestão

FOTO LI LIN/ UNSPLASH
O Serviço Nacional de Saúde encontra-se num momento decisivo, marcado por desafios exigentes, mas também por oportunidades de transformação.
A entrada num novo ciclo político deve ser encarada como um ponto de viragem, com capacidade para recentrar o sistema nas suas prioridades estratégicas. Mais do que respostas conjunturais, é tempo de afirmar uma visão de futuro para um SNS forte, moderno, sustentável e centrado nas pessoas.
Uma das grandes prioridades é reforçar a atratividade do SNS para os seus profissionais. Portugal dispõe de quadros altamente qualificados e vocacionados para o serviço público, e importa criar condições que valorizem e desenvolvam esse potencial. A melhoria das condições de trabalho, a valorização das carreiras, o investimento na formação contínua e o reconhecimento do mérito devem estar no centro da política de recursos humanos. Promover ambientes saudáveis, motivadores e com perspetivas de desenvolvimento é fundamental para mobilizar talento e garantir equipas estáveis e comprometidas com a missão do SNS.
A inovação tecnológica deve também ser assumida como um pilar estruturante da modernização do sistema. A aposta em ferramentas digitais e em inteligência artificial representa uma oportunidade concreta para aumentar a eficiência, melhorar a experiência dos utentes e apoiar os profissionais. Soluções inteligentes nas áreas da triagem, agendamento, apoio ao diagnóstico ou gestão operacional permitem libertar tempo para o essencial: o contacto humano e a qualidade da decisão clínica. A tecnologia deve estar ao serviço das equipas e ser integrada de forma ética e estratégica.
Garantir a sustentabilidade do SNS exige ainda uma evolução na forma como se tomam decisões. A adoção de uma cultura de governação baseada em valor – focada na medição de resultados em saúde e na sua relação com os recursos utilizados – permite tomar melhores decisões, alocar de forma mais eficiente os investimentos e garantir o maior benefício possível para os cidadãos. A avaliação de tecnologias de saúde, nomeadamente de medicamentos e dispositivos, deve ser orientada por critérios de custo-efetividade, reforçando a transparência e a equidade na utilização dos recursos públicos. (...)
Autor: Xavier Barreto
Presidente da Associação Portuguesa de
Administradores Hospitalares
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