Que participação dos médicos no controle e combate ao desperdício em Saúde?

O desperdício em saúde é um facto reconhecido nos países desenvolvidos, mas em Portugal tarda em ser devidamente divulgado e combatido.
Os médicos devem ser fiéis ao seu compromisso primum non nocere, pelo que têm uma especial responsabilidade em travar este combate.
As razões para o assumir são clínicas, financeiras, ambientais e éticas.
Clínicas porque o impacto ambiental dos cuidados de saúde é muito significativo; em 2019 foi responsável por 4,8 % dos nossos gases com efeito de estufa (GEE). Considerando não apenas os efeitos dos GEE, mas todos os outros componentes indoor e outdoor da poluição, os cuidados de saúde são responsáveis anualmente por cerca de oito mil a 10 mil DALY.
Em 2010, na sua alocução do Natal de 2011, Margaret Chan, diretora geral da OMS, estimava que cerca de 30 % dos gastos em saúde eram desperdício. Se os evitássemos, os nossos orçamentos seriam mais eficientes...
Não identifico argumentos para não travar este combate. E vale a pena, porque é certo que o podemos ganhar, obtendo benefícios clínicos, ambientais e financeiros. O seu sucesso depende de assumirmos este desafio com multidisciplinaridade, subsidiariedade e ciência.
O papel dos médicos é fundamental e determinante. De que forma? Melhorando a qualidade dos cuidados e reduzindo os seus desperdícios. Estas duas vias são prioritárias, e devem ser aprofundadas em simultâneo. (...)
Por João Queiroz e Melo, cirurgião cardiotorácico aposentado
Artigo completo na TecnoHospital nº116, mar/abr 2023, dedicada ao tema 'Desperdício em Saúde: Controlo e Combate'
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