Proteção sísmica de edifícios hospitalares

Fotografia: Hospital da Luz
Portugal Continental situa-se numa região geográfica com sismicidade moderada, mas com a particularidade de ser suscetível a sismos de grande magnitude e elevado poder destrutivo. Um exemplo marcante foi o terramoto de 1755, que permanece o evento mais significativo na história do país.
A distribuição da sismicidade no território continental não é uniforme, aumentando a perigosidade do norte para o sul, com as regiões de Lisboa e Algarve destacando-se como as zonas de maior risco sísmico.
Desde 1958, a regulamentação nacional, em sucessivas gerações, exige que as construções sejam projetadas considerando a resistência sísmica. A regulamentação atual, o Eurocódigo 8, em vigor desde 2019, define como objetivo a garantia da segurança de pessoas e bens em caso de sismo. Este regulamento distingue entre estruturas correntes e aquelas essenciais para a proteção civil, atribuindo, a estas últimas, critérios mais rigorosos de dimensionamento sísmico. Para tal, estabelece quatro classes de importância, sendo a Classe de Importância IV a mais exigente, na qual se incluem, por exemplo, os hospitais.
Ao colocar como objetivo a segurança das pessoas, os regulamentos conduzem a edifícios seguros, mas não necessariamente a estruturas operacionais após a ocorrência de um sismo. Após um sismo, o projeto e o desempenho de um edifício são considerados bem-sucedidos se ele não colapsar e os ocupantes permanecerem seguros. No entanto, para garantir a operacionalidade é necessário ir além do projeto focado exclusivamente na prevenção do colapso e passar a projetar também para a funcionalidade.
A funcionalidade dos hospitais após um sismo dependerá, em grande medida, do desempenho dos elementos não estruturais, designadamente dos equipamentos médicos (ou mecânicos) especializados e das instalações em geral. Estes edifícios são essenciais durante o período imediato após um sismo e vitais para a recuperação de uma comunidade a longo prazo. No entanto, para que os técnicos possam incorporar os requisitos de funcionalidade no processo de projeto, é indispensável compreender as necessidades funcionais específicas de uma instalação de saúde. (...)
Por Luís Guerreiro
Instituto Superior Técnico;
SPES – Sociedade Portuguesa de Engenharia Sísmica
e Jorge Proença
Instituto Superior Técnico
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