Prevenção em saúde e reorganização das urgências entre as prioridades do ministro

  • 13 março 2023, segunda-feira
  • Gestão

Por: Cátia Vilaça

Manuel Pizarro esteve, a 10 de março, na Universidade Portucalense, no Porto, para falar dos desafios e prioridades do Serviço Nacional de Saúde. Numa sessão moderada por Paulo Morais, diretor do Departamento de Ciência e Tecnologia da universidade, o ministro elencou um conjunto de desafios e prioridades para o Serviço Nacional de Saúde.

Entre os desafios está, desde logo, o envelhecimento da população. O aumento exponencial da esperança média de vida nas últimas décadas muda o perfil do utente, que passa a ser complexo e com multimorbilidade, o que exige, para o ministro, uma convergência entre respostas sociais e de saúde. A este propósito, Manuel Pizarro lembrou o exemplo da pandemia para alertar para a necessidade de um apoio social mais concertado nas Estruturas Residenciais para Pessoas Idosas, mas também nos hospitais e Rede de Cuidados Continuados e Integrados. A promoção do envelhecimento ativo é também uma das prioridades.

A mudança de estilos de vida, alicerçada numa estratégia de prevenção em saúde, por oposição a uma estratégia exclusivamente reativa, é outro dos desafios assumidos pelo ministro, que considera existir demasiada tolerância para problemas como o excesso de peso, o sedentarismo ou o consumo de tabaco e álcool, associada a problemas de saúde crónicos como a hipertensão, que afeta um em cada três portugueses, ou a diabetes, que afeta um em cada nove.

O financiamento é outro dos desafios, e ainda que tenha vindo a aumentar – o orçamento de 2023 para o SNS é de 12 mil milhões de euros, a complexidade das respostas tende a torna-lo insuficiente.

Também os recursos humanos têm vindo a aumentar, e o SNS tem hoje mais do que alguma vez teve, mas também aqui a melhoria das respostas precisa de ser acompanhada de um maior número de profissionais. Por isso, Manuel Pizarro lembra que é necessário formar profissionais mas nunca tendo em conta apenas as necessidades estritas de cada momento, porque é previsível que venham sempre a aumentar.

No domínio das prioridades a ter em conta, Manuel Pizarro escolhe a promoção da saúde, um tema que não pode restringir-se aos serviços de saúde, sendo transversal a escolas e famílias, para que seja possível mudar hábitos de vida.

Outra das prioridades elencadas pelo ministro é a continuidade da aposta na qualificação dos Cuidados de Saúde Primários, que tem vindo a acontecer mas evidencia ainda assimetrias regionais, com a região de Lisboa e Vale do Tejo, por exemplo, a apresentar dificuldades no acesso ao médico de família.

Resolver essas dificuldades será importante para responder à prioridade seguinte: a reorganização das urgências. Mas se é verdade que a falta de acesso a médico de família tem um impacto direto na sobrecarga da urgência hospitalar, Manuel Pizarro insiste igualmente na aposta na literacia em saúde para melhorar este indicador. Ainda no âmbito hospitalar, o ministro destacou a importância de melhorar a eficiência e eficácia, a par da humanização. Para tal, poderão contribuir as mudanças organizacionais em curso, como por exemplo o aumento da autonomia e o aumento do número de Unidades Locais de saúde.

A valorização dos profissionais foi outro aspeto destacado por Manuel Pizarro, a par da aposta na investigação, na inovação e na digitalização, com o Registo de Saúde Eletrónico a assumir um papel importante na desburocratização da prescrição.

O ministro considera igualmente que a relação entre a saúde e a economia pode ser intensificada. Em 2022 a Saúde exportou 2,2 milhões de euros, por via da produção farmacológica, mas esta área pode ser desenvolvida.

Apesar da melhoria da resposta que o SNS tem vindo a dar à população desde a sua criação, o ministro identifica aspetos de melhoria. Deu como exemplo a cirurgia ao colo do fémur, uma necessidade que resulta de uma fratura frequente em idosos, e que deve ser feita nas primeiras 48 horas para que haja uma boa recuperação, sendo que, em média, menos de 50 % dos casos cumprem esta meta. Um exemplo positivo é o Hospital de São João, que executa o procedimento nas primeiras 48 horas em 50 por cento dos casos. Questionado pela TecnoHospital sobre as medidas que é necessário implementar para melhorar resultados e diminuir discrepâncias em atos médicos entre as diferentes unidades, Manuel Pizarro afirma depositar a sua “esperança” na Direção Executiva para que operacionalize mudanças positivas nos hospitais.

O ministro destacou ainda o papel “instrumental” do Plano de Recuperação e Resiliência no cumprimento destas prioridades, com 1300 milhões de euros para a sua concretização.

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