Hospitais comprometem-se a reduzir infeções para metade
Doze hospitais comprometeram-se a reduzir para metade as infeções hospitalares, ao abrigo de um projeto do Programa de Prevenção e Controlo de Infeções e de Resistências a Antimicrobianos (PPCIRA), que abrange agora 22 instituições do país.
O alargamento do projeto “STOP Infeção Hospitalar 2.0”, que visa reduzir a incidência de cinco tipos de infeção hospitalar em 50 por cento em três anos, foi consolidado a 17 de outubro, em Lisboa, numa cerimónia pública de assinatura da carta de compromisso pelos 22 hospitais aderentes.
A cerimónia contou com a presença, entre outros, da diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, do diretor do PPCIRA José Artur Paiva, e da secretária de Estado da Promoção da Saúde, Margarida Tavares.
Em declarações aos jornalistas no final da cerimónia, José Artur Paiva lembrou um estudo realizado em 2011-2012, segundo o qual Portugal era dos países europeus com mais alta taxa de prevalência de infeção hospitalar.
Ao longo destes dez anos os resultados têm vindo a melhorar progressivamente através do programa prioritário que foi criado na Direção-Geral de Saúde (DGS), o PPCIRA, adiantou.
Sob a égide da Fundação Calouste Gulbenkian [FCG] e com a colaboração PPCIRA, houve um programa em 2015-2018 dirigido a quatro tipos de infeção hospitalar: pneumonia de cuidados intensivos, as infeções associadas a cateteres, infeções urinárias associadas a algálias e as infeções associadas a cirurgias.
“O nosso objetivo no primeiro programa era reduzir em 50 por cento os quatro tipos de infeção”, o que foi alcançado na totalidade dos 12 hospitais aderentes em três infeções. Na infeção associada à cirurgia do cólon e do reto houve uma redução, mas não atingiu os 50 por cento.
Segundo José Artur Paiva, o objetivo para este próximo triénio “é exatamente igual”, mas “é mais ambicioso” nos hospitais que já faziam parte do projeto, uma vez que têm de reduzir mais 50 por cento.
O diretor do programa da DGS explicou que os “velhos hospitais”, que já têm experiência adquirida do programa anterior, vão ser facilitadores da introdução das medidas aos novos hospitais.
José Artur Paiva salientou que o projeto traz modificações “à luz do que a ciência foi trazendo de novo”, destacando o relato dos resultados no imediato.
“O programa promove a educação dos profissionais, a participação dos doentes e das famílias na estratégia de prevenção e uma série de medidas comportamentais de que saliento uma muito importante que é o ‘feedback’ de resultados no dia-a-dia”, referiu.
O médico explicou que em vez de dar relatórios ao fim de três ou seis meses ou de ano a ano, a informação é dada cada vez que surge uma infeção, que é declarada ao prestador de cuidados e aos profissionais, criando-se um processo colaborativo.
De acordo com o especialista, a maioria destas infeções são tratadas, mas têm como “reflexo negativo” o aumento da demora média de internamento, que traz um acréscimo de custos e até alguma dificuldade de acesso aos novos doentes.
José Artur Paiva apontou ainda outro problema “mais moderno e preocupante” que são as infeções causadas por bactérias resistentes, “difíceis de tratar”, que obrigam a usar antibióticos mais potentes que induzem resistências.
Portanto, vincou, “ao reduzir infeções, estamos a criar um ciclo virtuoso que reduz a demora média [de internamento], melhora o acesso à saúde, reduz a resistência aos antibióticos e reduz o consumo de antibióticos”.
A DGS e o Ministério da Saúde reconhecem a relevância deste projeto nos hospitais e partilham os propósitos plasmados no Plano Nacional de Segurança do Doente 2021 que considera a participação dos hospitais neste projeto, que conta com a parceria da FCG e o apoio técnico-científico do Institute for Health Improvement, “um indicador do Índice de Qualidade do PPCIRA e parte integrante do processo de contratualização das instituições prestadoras de saúde do Serviço Nacional de Saúde”.
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