Entrevista a José Tribolet

O fundador do INESC e especialista em Teoria dos Sistemas fala-nos da importância de compreender o funcionamento das organizações e aplicá-lo a diversos domínios, incluindo a Saúde, de modo a tornar a informação mais agregada e acessível.
Entrevista por Abraão Ribeiro, Fernando Barbosa e Cátia Vilaça | Fotografia: D.R.
Se os recursos humanos dentro das organizações, e em especial na saúde, não estiverem motivados e sensibilizados para aceitar a mudança, não resulta. O que é que se deve fazer ao nível da Saúde, ao nível da organização, para que as coisas mudem?
JT: Eu não tenho pretensões de poder antever soluções, mas, como engenheiro, a primeira coisa a fazer é saber olhar para a realidade, saber modelar o que existe, saber perspetivar o que nós queríamos que existisse e depois propor um conjunto de cenários de solução, de construção, de transformação. Depois, é necessário ter uma aproximação iterativa, aprendente, persistente, de procurarmos navegar a trajetória de mudança alcançando objetivos de transformação de uma forma progressiva e sustentada, e tudo isto baseado em raciocínios de base científica, e não em wishful thinking.
É fundamental termos uma visão do que queremos ser, ter e como queremos funcionar. Mas infelizmente não temos ainda hoje uma visão sistémica sobre como é que toda esta capacidade que o país tem pode ser posta ao serviço da prestação de cuidados de saúde dos portugueses de uma forma mais racional, mais eficaz, mais satisfatória, mais eficiente. Digo isto de uma forma completamente independente das questões que estão sempre a vir ao de cima do público vs privado.
E a construção e consensualização dessa visão, dessa Utopia que nos propomos prosseguir, tem de ser construída e definida não apenas pelos políticos, mas por todos nós, desde os utentes, evidentemente, mas sobretudo pelos profissionais do setor e todos os stakeholders institucionais nela participantes. Será com esse envolvimento que a motivação das pessoas para a mudança se desenvolve e consolida.
Há que realçar também a necessidade de libertar o sistema público das amarras impostas pelos arcaicos e evidentemente ineficientes constrangimentos impostos da tutela das Finanças que castra toda a autonomia e fomenta a desresponsabilização. (...)
Leia a entrevista completa na TecnoHospital nº113, set/out 2022, dedicada ao tema 'Serviços de esterilização centralizados e o reprocessamento de dispositivos médicos de uso múltiplo'
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