Novas tendências em Iluminação de Edifícios da Saúde

A mais recente edição da TecnoHospital é dedicada ao tema da iluminação em instalações de saúde e surge numa altura em que a tecnologia LED está cimentada e a sua procura nas soluções de iluminação é cada vez maior.

Seria de esperar que os artigos desta edição fossem na esteira deste evento tecnológico e que daí resultasse uma variedade de propostas tecnológicas para fazer a iluminação dos edifícios onde se prestam os cuidados de saúde. 

Por outro lado, esta segue-se ao Congresso do Centro Português de Iluminação, realizado a 2 e 3 de fevereiro no Convento Nacional de Mafra, em que alguns dos autores dos artigos foram interventores.

Porém, tal não aconteceu. É certo que todos os artigos falam na tecnologia LED e no que ela trouxe às soluções de luminotecnia, contudo o assunto foi abordado de forma marginal. Isto não significa, no entanto, que esta edição tenha ficado prejudicada, antes pelo contrário, como a seguir tento ajudar a perceber.

A evolução do conhecimento científico trouxe para a área da iluminação outros fatores que passam a ter uma predominância maior do que o simples facto de iluminar um espaço com um determinado nível de lux, mantendo uma racionalidade energética, que hoje se encontra plasmada em documentos oficiais que pretendem formatar a iluminação dos espaços de acordo com critérios meramente económicos.

Os imperativos de racionalidade energética com vista ao objetivo de termos edifícios com necessidades energéticas zero, ou chamados autossustentáveis, que se tornou no chavão, muito a gosto de políticos e de alguns lóbis, não são facilmente compagináveis, de todo, com as verdadeiras necessidades de iluminação suficiente, capaz, relaxante, estimuladora, que é necessário para os diferentes espaços, diferentes pessoas, diferentes profissões, de modo a acompanharem o ciclo circadiano de todos os seres vivos.

Por isso, não foi surpresa encontrar um traço comum em todos os artigos, que sustenta para o projeto de iluminação dos espaços, quer interiores quer exteriores, soluções que se compaginem com o ciclo circadiano, isto é, em termos muito simples e resumidos, termos luz mais fria para ajudar a “despertar” e luz mais quente para ajudar a relaxar, convidando ao descanso.

Tudo isto seguindo o ciclo circadiano e trazendo para esta área de trabalho, que é o projeto de iluminação, os conhecimentos da biologia e da interação dos efeitos da luz e de cada tipo de luz sobre a produção hormonal, que regula o nosso estado físico e mental.

Ou seja, projetar a iluminação dum espaço, qualquer que ele seja, não é uma mera operação matemática.

Transposto isto para um edifício da saúde, é fácil perceber que, dada a diversidade de atividades que ali se desenvolvem, há que pensar em soluções de iluminação, que não podem ser generalistas para todo o edifício, mas que correspondam à necessidade intrínseca para se ter uma boa iluminação para o bom desempenho profissional em cada área e também os efeitos psicológicos que é necessário ter em conta para os profissionais e utentes.

Nestes, há que considerar o seu estado de dependência e de fragilidade física, que vai obrigar à escolha duma solução adaptada a cada situação.

Por exemplo numa unidade com utentes de mais idade a “quantidade de luz” que eles requerem é maior do que para utentes mais jovens.  Por outro lado, as zonas de internamento deverão ser tratadas de forma que a iluminação não seja intrusiva e permita o necessário repouso, que será importante para a melhor recuperação da doença.

Pascoal Faísca, coeditor da TecnoHospital nº 85, janeiro/fevereiro de 2018

Consulte o índice da TecnoHospital nº 85 em http://www.tecnohospital.pt/noticias/revista-n85-janeiro-fevereiro-2018/

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