Plano de Renovação de Equipamentos e Sistemas Médicos

FOTO SFAM PHOTO/ SHUTTERSTOCK
A CUF tem um parque com cerca de 22 000 equipamentos médicos com diferentes especificidades, estados de conservação e valorização. O orçamento anual dedicado exclusivamente à manutenção de equipamentos médicos é superior a 10M€.
Desde 2016 que a CUF promove estudos com vista a fazer o diagnóstico do parque de equipamentos e prever substituições futuras, sendo que no final de 2024 foi designado um grupo de trabalho para criar um Plano de Renovação de Equipamentos e Sistemas Médicos, PRESM, de forma a transversalizar o processo em todas as unidades.
Este plano tem como principal objectivo a criação métrica de gestão para a renovação do parque de equipamentos, enquanto se garante o uptime e atualização tecnológica. Ao mesmo tempo, o plano pretende garantir informações distintas aos stakeholders envolvidos. À direção de produção tem pertinência um diagnóstico do estado do parque de equipamentos, para a direcção de compras e logística tem relevância a previsibilidade de aquisições futuras e à direcção de engenharia e manutenção pretende proporcionar ferramentas de gestão para uma administração mais eficiente do parque de equipamentos.
O plano de renovação de equipamentos e sistemas médicos assenta, assim, numa estratégia desenvolvida para substituir, atualizar ou modernizar equipamentos médicos de forma planeada e sistemática. Pretende identificar quais os equipamentos a substituir com regras definidas, critérios claros e horizonte temporal estabelecido.
Metodologia
Um dos principais desafios na definição deste plano é a abrangência do parque de equipamentos envolvido. Há alguma bibliografia na área, mas muitas vezes restrita a tipologias de equipamentos específicos tipicamente da imagiologia pesada ou de grande valorização.
Segundo a OMS, a visão do ciclo de vida útil deverá ser holística, e incorporar todas as fases
Os principais critérios de selecção para a promoção do abate dos equipamentos são:
- Fim de vida útil (EOL), fim de suporte (EOS) baseado em cartas de obsolescência dos fornecedores, tabelas de benchmark de tempo de vida útil retiradas de organismos reconhecidos internacionalmente, indicadores de atividade (consumo, nº de disparos, etc.), informação de contratos de gestão de antigas PPP do grupo e outras disponíveis;
- Critérios de segurança e conformidade, baseados nas normas da ECRI e da WHO;
- Indicadores retirados do software de gestão de manutenção, como número de reparações, downtime dos equipamentos e custos de manutenção;
- Critérios de criticidade e redundância específicos de cada unidade hospitalar.
A renovação de equipamentos no âmbito da diferenciação tecnológica foi excluída deste estudo e integrada com as direcções clínicas.
De forma a adequar o estudo para a dimensão do parque equipamentos, foram criados uma série de critérios de inclusão e exclusão de equipamentos, sendo excluídos do estudo equipamentos cujo custo de aquisição seja inferior a 2500€, tenham uma data de aquisição superior ou igual 2020, equipamentos em regime de contra-consumo, comodato, aluguer e instrumental cirúrgico.
No que diz respeito aos equipamentos de imagiologia pesada, estes têm o enquadramento próprio e plano de investimento, pelo que também foram excluídos.
A aplicação destes critérios permite restringir o número de equipamentos avaliado de 22000 para cerca de 5600, excluindo equipamentos recentes e pequenos investimentos de forma a focar a análise onde ela efectivamente adiciona valor.
Atendendo a que este estudo foi realizado no último trimestre de 2024, o objectivo foi caracterizar cada um dos equipamentos com um output único, baseado nos critérios já elencados:
- Substituição imediata - proposta para abate urgente, ainda em 2024;
- Substituição a curto prazo - proposta de substituição para 2025;
- Substituição a médio prazo, para 2026;
- Manutenção Condicional - Equipamentos cuja substituição não é urgente e que a sua utilização não constitui risco clínico, mas que, em caso de avaria poderá não ser possível garantir peças para promover a reparação, o que se traduz num risco operacional;
- Manutenção de equipamento - Equipamentos cuja substituição não se prevê no horizonte temporal até 2026.
(...)
Por Milton Rodrigues
Licenciado, com mestrado integrado, em engenharia biomédica
Licenciado em Engenharia Física pela Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova
de Lisboa e pós-graduado em Gestão em Saúde pela Nova School of Business and Economics.
Integra os quadros da Direcção de Engenharia e Manutenção da CUF desde 2017
Leia o artigo completo na TecnoHospital nº 128, março/ abril 2025, dedicada ao tema "Gestão e análise do ciclo de vida dos equipamentos"
Outros artigos que lhe podem interessar