Europa não deverá conseguir cumprir metas de combate à resistência aos antimicrobianos até 2030

FOTO STEVEPH/ PIXABAY

Dados publicados pelo Centro Europeu de Controlo de Doenças (ECDC) mostram que a resistência aos antibióticos continua a aumentar na União Europeia e no Espaço Económico Europeu

O aumento do fenómeno de resistência, a par da falta de novos tratamentos eficazes, alimenta uma crise de saúde pública na Europa e a nível global.

Em 2023, o Conselho da União Europeia instou os Estados-Membros a assegurar que, até 2030, o consumo total de antibióticos nos seres humanos [na dose diária definida (DDD) por 1 000 habitantes por dia], nos setores comunitário e hospitalar combinados, incluindo em estabelecimentos de cuidados continuados e em contextos de cuidados domiciliários, seja reduzido em 20 %. Outra das metas era garantir a redução em 15 % a incidência total de infeções da corrente sanguínea por Staphylococcus aureus resistente à meticilina (MRSA), comparativamente a 2019. Outro objetivo era reduzir em 10 % a incidência total de infeções da corrente sanguínea por Escherichia coli resistente à cefalosporia de terceira geração, e em 5 % a incidência total de infeções da corrente sanguínea por Klebsiella pneumoniae resistente a carbapenemas.

Ora, desde 2019, estima-se que a incidência de infeções da corrente sanguínea causada pela Klebsiella pneumoniae resistente aos carbapenemes tenha aumentado mais de 60 %. Já as infeções da corrente sanguínea por Escherichia coli resistente à cefalosporia de terceira geração aumentaram mais de 5 %.

O consumo de antibióticos também aumentou em 2024. A proporção de antibióticos de primeira linha utilizados, que deveriam representar pelo menos 65 % do total, mantém-se nos 60 %.

O ECDC estima que as infeções resistentes aos antimicrobianos causem mais de 35 mil mortes todos os anos na União Europeia e no Espaço Económico Europeu, um fardo substancial sobre indivíduos, sociedades e sistemas de saúde. Tudo isto tem consequências graves, como comprometer tratamentos como transplantes ou terapias oncológicas.

O envelhecimento populacional, com a carga de doença crónica associada, a transmissão transfronteiriça de microrganismos resistentes e o uso persistente de antibióticos, combinado com falhas na prevenção e controlo, contribuem para o aumento da prevalência de infeções difíceis de tratar. Além disso, o uso de antibióticos de primeira linha não está totalmente otimizado e a dependência de antibióticos de última linha tem vindo a aumentar.

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