Logística hospitalar em rede

Para evitar erros, é importante que os hospitais saibam exatamente onde estão os materiais e quais as quantidades disponíveis. Os processos automatizados podem, ainda, ajudar os funcionários a ter os materiais disponíveis no a tempo e no local adequado.

Para falar sobre logística, e sobre o papel dos sistemas digitais em rede no apoio à logística, o portal Medica-tradefair.com falou com Armin Schorer, diretor da alemã ASANUS, empresa de tecnologia médica. Na entrevista, o responsável descreve o papel que as soluções logísticas em rede desempenham nos hospitais modernos, além de explicar os requisitos para a implementação destas técnicas.

Segundo o responsável, os hospitais ainda não se dedicaram a pensar a logística segundo este modelo integrado, e os responsáveis pelo planeamento hospitalar ainda não estão familiarizados com as ferramentas de digitalização existentes.

Embora exista já um projeto-piloto no Hospital Charité Berlin, equipado com sistemas ASANUS, o responsável reconhece que mesmo essa solução não está completamente integrada, até porque isso obrigaria a alterações de monta no departamento de pessoal e também no setor administrativo. Schorer lembra que a digitalização não se resume à implementação de software ou de uma solução eletrónica, mas implica igualmente que os responsáveis percebam de que forma a implementação do sistema deve ser feita e com quem. Isto não tem, segundo Schorer, de conduzir a reduções de pessoal, mas obriga a ajustar responsabilidades e obriga a que o pessoal tenha uma postura de abertura ao processo de digitalização.

Soluções de longo prazo

De acordo com a experiência de Schorer, os hospitais não estão propriamente a par daquilo que a tecnologia permite fazer atualmente, mas não estão interessados em soluções de curto prazo. Tendem, por isso, a procurar fornecedores que assegurem fiabilidade, com base no seu grau de popularidade. A sustentabilidade é também um fator importante para as unidades de saúde, que procuram sistemas que incluam consultoria e serviços de suporte. A solução técnica procurada é software de processo e não apenas de documentação.

Na solução proposta pela ASANUS, os hospitais podem executar os processos definidos, as áreas de aplicação e as tarefas. Quer isto dizer que, ao invés de usarem o software e controlarem o processo, os funcionários seguem etapas predeterminadas. A ideia é evitar ao máximo possível os erros.

Schorer recorre a um exemplo: a limpeza de instrumentos cirúrgicos: limpar, desinfetar, esterilizar e verificar a funcionalidade. Trata-se de uma área onde os erros podem ter consequências muito gravosas. O software da ASANUS reconhece os chips RFID dos instrumentos e, ao fazê-lo, quer os instrumentos quer os membros da equipa passam a estar digitalmente integrados no processo, o que diminui drasticamente a possibilidade de se esquecer passos importantes. A solução também gere o processo logístico entre o planeamento cirúrgico e o inventário. Quando a equipa médica planeia um procedimento cirúrgico, depara-se frequentemente com a possibilidade de haver instrumentos indisponíveis. O software, conjugado com o sistema RFID, permite acompanhar os processos em tempo real. isto permite que quem planeia possa verificar se todas as etapas são realizáveis. O software permite ainda que os utilizadores façam alterações ou reagendamentos com os pacientes e os materiais, permitindo recorrer a materiais alternativos, por exemplo.

Schorer acredita que, no futuro, o recurso aos chips RFID será uma realidade cada vez mais presente, e os processos e fluxos de trabalho serão cada vez mais automatizados, eliminando erros. O registo de fluxos de trabalho, materiais e pacientes será feito em tempo real, o que aumentará a eficiência económica e a segurança do paciente, resume Schorer.

  • O que é a tecnologia RFID?
Do inglês Radio-Frequency IDentification, esta tecnologia permite assegurar o controlo sobre o circuito de utilização do instrumento.

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