Gestão e análise do ciclo de vida de equipamentos médicos

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Os ativos físicos hospitalares têm um papel estratégico nas unidades de saúde. Com o avanço da tecnologia e a sua crescente complexidade, importa ter profissionais cada vez mais capacitados, quer na vertente da operação quer da manutenção.

Os ativos físicos das unidades de saúde caracterizam-se pela sua grande heterogeneidade, seja na vertente tecnológica ou na do seu ciclo de vida, pelo que se impõe uma análise rigorosa destes diversos aspetos, visando a racionalidade da sua gestão.

Os equipamentos médicos são todos os dispositivos utilizados para fins médicos, odontológicos, laboratoriais, fisioterapêuticos, assim como para diagnóstico, reabilitação, terapia, e estética em seres humanos.

A gestão de ativos hospitalares refere-se a todo o seu ciclo de vida, desde a sua aquisição até ao seu abate. Neste âmbito, devem ser consideradas todas as variáveis necessárias à análise rigorosa do ciclo de vida, o que implica o registo temporal completo de todos os seus dados, quer de funcionamento quer de manutenção.

A norma ISO 55000 define gestão de ativos como a "atividade coordenada de uma organização para realizar o valor dos ativos". Esta é uma norma estruturante para qualquer organização que dependa dos seus ativos físicos para a sua atividade.

Introdução

A gestão de ativos requer um conhecimento holístico do funcionamento dos sistemas, que engloba conceitos e fundamentos de engenharia e gestão (Frolov et al., 2010). Esta análise permite à organização avaliar as suas necessidades em função do desempenho dos seus sistemas em tempo real, bem como aplicar novas abordagens ao nível dos ativos em todas as diferentes fases do seu ciclo de vida.

Nesta perspetiva, a gestão de ativos é suportada por ramos da ciência que permitem apoiar decisões técnicas e económicas, visando a otimização do valor dos ativos numa visão de longo prazo. Para tal, aspetos como a obtenção de menores tempos de paragem e maior disponibilidade dos equipamentos, racionalização dos custos com     sobressalentes e maior qualidade de operação e serviço, são alguns dos objetivos a atingir. No entanto, outros fatores críticos devem também ser analisados, como o risco ou a continuidade do negócio, tendo em conta a dinâmica do mercado e as perspetivas de longo prazo das organizações (Mirhosseini & Keynia, 2021).

Muitas organizações tomam decisões isoladas, em reação aos acontecimentos, ou seja, todas as decisões são tomadas e implementadas, por vezes por empirismo, sem uma análise do impacto que terão na organização.

Atendendo à complexidade e dimensão de um Hospital, as infraestruturas e os ativos físicos necessitam de ser incluídos num sistema de gestão que permita conhecer o seu histórico, a partir do qual seja possível fazer, sempre que necessário, a análise do seu ciclo de vida e apoiar dinamicamente a decisão com vista à sua otimização.

A manutenção, efetuada por meios internos da organização ou através da prestação de serviços por fornecedores externos especializados, desempenha um papel fundamental no sucesso da organização, garantindo que os equipamentos desempenham a sua função ao nível esperado.

No entanto, para uma manutenção eficaz e eficiente, há que ter em conta a necessidade de ter disponível toda uma infraestrutura tecnológica (em termos de hardware e software), essencial para o funcionamento de todo o processo, incluindo capacidade sensorial e de comunicação, um modelo preditivo devidamente treinado e integração com sistemas de informação de suporte à gestão da manutenção. Uma estratégia dupla poderá ser a melhor opção: manutenção preventiva sistemática para os equipamentos antigos e pouco críticos e manutenção preditiva para os equipamentos mais recentes e de maior valor para a missão da organização.

Este artigo está estruturado da seguinte forma: a primeira secção é a introdução do artigo, a segunda secção é a definição de gestão de ativos, a terceira secção diz respeito à informação normativa, a quarta secção é sobre o ciclo de vida de equipamentos e a quinta secção é a conclusão do artigo.

Gestão de ativos

A aquisição de um novo ativo ou a renovação de um ativo existente vai gerar custos ou, por outras palavras, investimentos fixos e variáveis, bem como receitas específicas durante muitos anos.

No entanto, é prática generalizada e incorreta em vários hospitais suportar a decisão de aquisição de um ativo apenas com base no preço de compra mais baixo, descurando os aspetos técnicos e vários outros fatores, nomeadamente: disponibilidade de novas tecnologias; cumprimento das normas de segurança; disponibilidade de peças sobressalentes; garantias; formação; contrato de manutenção e custos associados ao contrato de manutenção.

Deste modo, na aquisição de um ativo deve ser considerado o “menor custo do ciclo de vida” e não o “menor custo de aquisição”. (...)

Em colaboração com Inês Sousa1,2 e Hugo Raposo
1 Instituto Superior de Engenharia de Coimbra, Polytechnic University of Coimbra, RCM
2+ Research Centre in Asset Management and System Engineering, Coimbra
2 CISE - Electromechatronic Systems Research Centre, University of Beira Interior

Leia o artigo completo na TecnoHospital nº 128, março/ abril 2025, dedicada ao tema "Gestão e análise do ciclo de vida dos equipamentos"

José Torres Farinha

Membro do Conselho de Redação da TecnoHospital

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