Desperdício, um dos (muitos) pecados da Saúde

No passado dia 8 de março decorreu no auditório do CHUC um simpósio/debate organizado pela ATEHP, subordinado ao tema Desperdício em Saúde – Controlo e Combate. Debate oportuno de um problema candente e atual dos nossos estabelecimentos de saúde, tanto públicos como privados, com implicações orçamentais e assistenciais que não podem ser menosprezadas.
Na última década, o orçamento do Estado para o SNS quase duplicou. Passou de 7,5 mil milhões de euros em 2012 para 14,8 mil milhões de euros em 2023. Será que correspondeu a uma taxa equivalente de melhoria da quantidade/qualidade de saúde prestada aos cidadãos? Ninguém tem dúvidas de que não! Então o que significa? Para mim, a resposta é óbvia – aumentou o desperdício. Tanto nos recursos humanos como nos materiais.
O problema não é novo. Já em 2001, quando publiquei o livro A Doença da Saúde, dei-lhe o subtítulo Serviço Nacional de Saúde: Ineficiência e Desperdício, dois adjetivos que, aliás, andam de mãos dadas. Escrevia eu então que “a deficiente gestão dos recursos materiais e humanos do nosso SNS constitui a causa principal do seu angustiante estado atual.
O desperdício resultante da não utilização, da utilização indevida e da utilização abusiva dos recursos atinge, pelo menos, os 25%”. Número retirado da minha cabeça, sem contas, que se veio a comprovar em vários estudos, eventualmente apenas pecando por defeito. O que significa que poderíamos poupar um quarto daquilo que gastamos no Serviço ou aumentar, na mesma proporção, a nossa produtividade. (...)
Por Manuel J Antunes, professor catedrático convidado da FMUC; ex-diretor do Centro de Cirurgia Cardiotorácica do CHUC
Artigo completo na TecnoHospital nº116, mar/abr 2023, dedicada ao tema 'Desperdício em Saúde: Controlo e Combate'
Outros artigos que lhe podem interessar