Continuidade no caminho na defesa do progresso e da inovação

FOTOGRAFIA GORODENKOFF/ SHUTTERSTOCK
O número 130 da revista TecnoHospital (TH) é assinalado pela substituição do seu Diretor, o Engenheiro Abraão Ribeiro que, por razões pessoais, decidiu não continuar nesta tarefa que exerceu durante quatro anos. Face à insistência dos membros do Conselho de Redação, acabei por aceitar a função de Diretor da TH, certo de que dificilmente desempenharei o cargo com a competência e empenho dos anteriores diretores, os meus estimados Amigos Fernando Barbosa e Abraão Ribeiro. Na verdade, tenho pela frente um desafio difícil, já que o meu desempenho terá como referência o desempenho notável dos meus dois antecessores, cuja proficiência e prestígio nacional nas funções de direção da revista não posso deixar de enaltecer. Quanto ao meu futuro exercício de direção, que muito me honra, apenas posso prometer que me empenharei, tentando dar continuidade ao trabalho feito. Para tanto, conto com o apoio fundamental dos membros do Conselho de Redação, bem como das jornalistas da editora Engenho e Média.
Importa assinalar a turbulência política e social que nesta data assola o Mundo, a Europa e o País. Assistimos ao crescimento da extrema-direita populista que tem ganhado posições de relevo, desde os Irmãos de Itália, com Giorgia Meloni como primeira-ministra, ao Vox em Espanha, ao Reagrupamento Nacional em França, ao AfD na Alemanha e ao Chega em Portugal. Esta progressão acentua-se com a progressiva degradação da qualidade de vida dos mais pobres, que gera desilusão e descrédito na política desenvolvida pelos partidos ditos do arco da governação. Entre nós, assistimos à crise da habitação, potenciada pelos baixos salários, ao desmantelamento do Serviço Nacional de Saúde (SNS), com consequências visíveis sobretudo na dificuldade de acesso e no escandaloso encerramento de urgências e à falta de professores, que marca indelevelmente o futuro de muitos alunos. Estamos ainda expostos ao trumpismo dos Estados Unidos da América, cuja guerra tarifária e luta geoestratégica terão consequências nefastas na economia mundial e impacto imprevisível para a paz. Esta já está seriamente comprometida com o desrespeito pelo direito internacional e o genocídio que decorre diariamente em Gaza. Sob a tolerância e com a conivência do mundo ocidental, dito civilizado e humanista, o Estado de Israel, com outro modelo, replica a barbárie nazi do Holocausto.
A nossa TH, revista técnica da área da saúde dedicada a temas de engenharia e gestão, continuará o seu caminho na defesa do progresso e da inovação, na expetativa de, modestamente, contribuir para uma gestão de recursos mais eficiente. Pretendemos que os associados da ATEHP vejam a TH como polo agregador e, com todos os nossos outros leitores, nela encontrem informação e formação fidedignas. A revista não ficará alheia às alterações ocorridas na área de atividade da saúde e em particular na engenharia de saúde e hospitalar. O crescimento do número de engenheiros que hoje desempenham funções em hospitais privados potenciará a troca de experiências com interesse para todos e, em especial, poderá alertar para a imperiosidade de melhorias no serviço público. Por outro lado, desejamos que a TH contribua para a reflexão dos gestores e governantes da saúde sobre os temas tratados. A dimensão do planeamento e da organização não pode deixar de determinar a alocação de meios adequados, nas vertentes do investimento e da manutenção, com relevância para os recursos humanos. Nesta vertente, salientamos os engenheiros, essenciais para que as instalações e os equipamentos prestem cuidados de saúde em ambientes de habitabilidade, conforto e segurança e nas condições técnicas exigidas.
Por fim, algumas palavras sobre o dossier subordinado ao tema “A reforma do SNS”, que é constituído por cinco artigos da autoria de profissionais de saúde de grande prestígio, que desempenharam ou ainda desempenham funções de relevo no setor, conhecedores da realidade e cujo referencial foi e continua a ser a eficácia dos recursos na perspetiva do direito à saúde dos cidadãos definido constitucionalmente. Integram ainda este dossier três depoimentos dos representantes máximos dos médicos, dos enfermeiros e dos administradores hospitalares, que permitem afirmar que os trabalhadores de saúde têm relevância determinante e com eles pode ser encontrada a solução para os problemas que hoje afetam o SNS. Este dossier constitui a modesta contribuição do Conselho de Redação de TH para uma reflexão sobre a necessária reforma do SNS.
Membro do Conselho de Redação da TecnoHospital
Se quiser colocar alguma questão, envie-me um email para info@tecnohospital.pt
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