Como o modo de armazenamento pode ajudar a aumentar as taxas de vacinação

O transporte de vacinas em frio apresenta-se como um desafio financeiro e logístico em áreas remotas e países em desenvolvimento. Segundo os Médicos sem Fronteiras, a necessidade de manter as vacinas a uma temperatura entre 2 e 8 ºC é um dos principais fatores por detrás das baixas taxas de imunização.

Investigadores do Laboratório de Nanomateriais Supramoleculares e Interfaces da École Polytechnique Fédérale de Lausanne (EPFL), na Suíça, em colaboração com cientistas de Milão, Turim, Leiden e Oregon criaram três aditivos para ultrapassar este obstáculo. Através do uso de nanopartículas, polímeros aprovados pela FDA ou grandes quantidades de sacarose, estes investigadores conseguiram estabilizar vacinas à temperatura ambiente por várias semanas e, em alguns casos, meses. A sua descoberta, testada com sucesso, foi publicada na revista Nature Communications.

Nanopartículas, polímeros e sacarose


O estudo testou vacinas contra vírus, o tipo mais comum e que normalmente só resiste alguns dias à temperatura ambiente. Ao cabo desses dias, a componente viral das vacinas perde a sua integridade estrutural. Segundo explica um dos investigadores, os componentes da vacina são combinados numa forma estável, sendo que o equilíbrio é mantido pela baixa temperatura. As flutuações de temperatura levam à perda da integridade do vírus, por isso a tarefa dos cientistas é estabilizar as vacinas de forma a que possam resistir a estas flutuações.
Na primeira abordagem usada, é aplicada pressão osmótica sobre os vírus inativados usando partículas com carga negativa. O vírus já está sujeito a uma pressão para o exterior devido ao seu material genético, que tem uma forte carga negativa. As nanopartículas formam uma nuvem de objetos com carga negativa que não pode entrar no vírus, gerando uma pressão contrária que mantém o vírus intacto.

A segunda abordagem consiste no endurecimento da cápsula do vírus, que envolve o vírus inativo, através da adição de polímeros. Este aditivo estabiliza o vírus essencialmente através da desaceleração das suas oscilações por via da alteração da rigidez da cápsula. Como resultado desta ação, a vacina mantém-se intacta por 20 dias, apresentando um tempo estimado de meia-vida de 70 dias.

A adição de sacarose à vacina (terceiro método) torna o ambiente mais viscoso, desacelerando as flutuações. Usando este método, 85 por cento das propriedades das vacinas mantiveram-se intactas após 70 dias.

Teste


Na posse destes resultados, os investigadores aplicaram os seus métodos a uma vacina ainda em desenvolvimento. Foram capazes de estabilizar a vacina perante o vírus tropical Chikungunya, por 10 dias, e de seguida inocular ratos com sucesso. Os cientistas não excluem a possibilidade de testar uma combinação dos três métodos.
Atualmente, em zonas onde a eletricidade e a refrigeração são limitadas, as vacinas são movidas de um espaço refrigerado para outro e depois entregues aos destinatários em refrigeradores. Este processo é responsável por 80 por cento dos custos dos programas de vacinação, sendo por isso um forte contratempo à sua realização. Este método pode, pois, ajudar a alterar esse panorama.

Mais informações em http://actu.epfl.ch/news/a-method-for-storing-vaccines-at-room-temperature/

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