Análise de ciclo de vida de ativos físicos hospitalares: Uma visão holística

O artigo enfatiza as políticas de gestão de ativos, atendendo a que as mesmas podem ser responsáveis pela racionalização das despesas gerais das organizações e pelo incremento da disponibilidade operacional dos ativos físicos hospitalares.
Deste modo, a utilização de uma política de manutenção preditiva influencia os KPI (Key Performance Indicators) de manutenção, nomeadamente: a Manutibilidade (MTTR), a Disponibilidade (D) e a Fiabilidade (MTBF) dos equipamentos ou ativos hospitalares e, consequentemente a dimensão dos Equipamentos de Reserva (ER) destas organizações.
O artigo visa, ainda, evidenciar a importância da análise do ciclo de vida na tomada de decisão estratégica numa organização hospitalar, entrecruzada com o custo do ciclo de vida do ativo físico (LCC - Life Cycle Cost), enquadrado numa perspetiva de redução de custos na gestão deste tipo de equipamentos.
Finalmente, é apresentado um Modelo Integrado de Gestão de Ativos (MIGA) com o objetivo de acompanhar e analisar o ciclo de vida dos ativos (LCA - Life Cycle Assessmen). A aplicação deste modelo é transversal a qualquer Organização, neste caso a área da saúde.
O Serviço Nacional de Saúde (SNS) sofreu a maior reorganização de sempre em janeiro de 2024. Foram várias as mudanças e as reações de entidades do setor dividem-se, tendo sido delineadas as medidas estruturais pelo Governo português.
O plano que promete arrumar o Serviço Nacional de Saúde (SNS) foi traçado para cortar pela metade os cargos de direção. A partir de janeiro de 2024 os hospitais e centros de saúde, da mesma região, passaram a estar organizados em Unidades de Saúde Local (ULS) e passam a ter uma única administração. Deixaram de existir diretores nos centros de saúde e caíram, também, os administradores dos então chamados centros hospitalares. O novo modelo prevê, também, novas formas de financiamento. Uma avaliação anual irá definir os montantes a receber, não só pelo número de utentes, mas acima de tudo pelo risco associado.
Ter de lidar com múltiplas fontes de pressão, tais como o cumprimento das medidas decretadas pelo governo, a gestão dos seus escassos recursos - “ativos físicos”, a gestão financeira e dos recursos humanos da organização é, obviamente, muito desafiante.
A gestão de equipamentos hospitalares tem por objetivo, entre outros, elaborar atividades que atendam às conformidades da sua fiabilidade e respeito pela legislação vigente, garantindo a vida útil dos ativos, além de assegurar o bem-estar dos pacientes. Para isso, os responsáveis pela gestão dos ativos hospitalares elaboram o plano de gestão, documento do qual constam todas as etapas a serem implementadas, para uma eficiente gestão destes.
Os equipamentos hospitalares são necessários para o bom funcionamento do hospital e a sua gestão deve ser partilhada entre os técnicos de saúde (médicos, enfermeiros, técnicos e operacionais de saúde) e os técnicos de manutenção, nomeadamente engenheiros e técnicos manutenção hospitalar, bem como pelas empresas subcontratadas.
A gestão de equipamentos hospitalares deve ser elaborada pelo serviço de engenharia e executada pelas diversas equipas hospitalares. Os técnicos de saúde apresentam um papel essencial na instituição hospitalar, pois são intervenientes em todo o processo e envolvidos, quer nas questões clínicas quer nas de gestão. Por isso, a participação de todos na gestão de equipamentos hospitalares é fundamental para garantir uma assistência de qualidade a um custo racional.
Importa, também, que este tipo de organizações olhe para o seu futuro e, diante do cenário atual, em função da globalização e das constantes alterações que implicam um aumento da sua capacidade, a gestão de investimentos é decisiva para o seguimento de salvar vidas e para o sucesso deste tipo de organizações ou empresas. Muitos investimentos realizados pelas empresas e organizações trazem uma parcela de riscos, incertezas e variabilidades dos retornos associados a um projeto que pode definir sucessos ou fracassos.
Uma decisão pode ser definida como uma opção que alguém faz dentre várias alternativas possíveis, utilizando o meio que entende ser o mais viável para alcançar determinado objetivo. Quando os gestores de uma organização decidem investir em ativos, ampliar o estabelecimento ou até mesmo reduzir os custos, necessitam efetuar uma análise de investimento para não realizar ações equivocadas que possam prejudicar o futuro da empresa ou organização. (...)
Em co-autoria com Hugo Raposo
Instituto Superior de Engenharia de Coimbra,
RCM2+ Research Centre for Asset Management and Systems Engineering, Portugal
Leia o artigo completo na TecnoHospital nº 128, março/ abril 2025, dedicada ao tema "Gestão e análise do ciclo de vida dos equipamentos"
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