UA desenvolve teste de saliva ultrassensível para a Covid-19

Investigadores do laboratório de Medicina do Genoma do Instituto de Biomedicina (iBiMED) da Universidade de Aveiro (UA) desenvolveram um kit de saliva e um teste de saliva ultrassensível e altamente reprodutível para a Covid-19.

O trabalho resultou de uma parceria entre a UA, o Centro Hospitalar de Entre o Douro e Vouga (CHEDV-Santa Maria da Feira), o Centro Hospitalar do Baixo Vouga (CHBV-Aveiro), o Centro Médico da Praça de São João da Madeira e a empresa nacional de engenharia de plásticos Muroplás, especializada no setor médico-hospitalar e com sede na Trofa.

De acordo com a UA, o novo teste elimina o desconforto e a pesada logística da colheita de amostras com zaragatoa. Este “utiliza a robusta tecnologia de RT-PCR existente nos laboratórios nacionais, simplifica a automação dos processos laboratoriais, baixa o custo e facilita a testagem comunitária (lares, escolas, empresas, etc.)”, lê-se em comunicado divulgado pela universidade.

“A saliva é o principal veículo de transmissão do SARS-COV-2 – usamos máscaras para impedir a transmissão através de gotículas de saliva –, o que torna a sua colheita de fácil execução no domicílio ou no local de trabalho sem recurso a profissionais de saúde”, referiu a universidade.

Numa abordagem inicial, os resultados dos testes com saliva mostraram que eram menos sensíveis do que os obtidos com colheitas por zaragatoa nasofaríngea, mas após ajustes no protocolo técnico, confirmou-se que a saliva pode igualmente ser usada na deteção de SARS-CoV-2 sem perda de sensibilidade.

Segundo a UA, a autoridade reguladora da saúde dos Estados Unidos da América – Food and Drug Administration – aprovou o uso de kits de saliva para a testagem de SARS-CoV-2 e vários laboratórios europeus já os usam na rotina de testagem. 

“Para além das vacinas, os rastreios comunitários em larga escala, acompanhados de quarentena seletiva dos casos positivos são a única estratégia de controlo efetivo da Covid-19, sem confinamento da população. Contudo, a complexidade e os elevados custos envolvidos, em particular a necessidade de treinar e mobilizar profissionais de saúde para a testagem com zaragatoas, bem como os gastos associados a material de proteção individual, criam constrangimentos significativos à massificação dos rastreios”, explicou a UA.

Assim, os investigadores da UA quiseram contornar tais dificuldades ao substituir a colheita efetuada com zaragatoa nasofaríngea por uma colheita de saliva. Com a colaboração do CHEDV, CHBV e Centro Médico da Praça, foi validado um novo método de RT-PCR altamente sensível e reprodutível, que permite testar em paralelo um grande número de amostras de saliva a baixo custo.

Em parceria com a empresa Muroplás, de engenharia de plásticos para o setor médico-hospitalar, foi desenvolvido um novo kit para a colheita de saliva, que pode ser enviado pelo correio ou outro meio para os laboratórios.

O coordenador do Laboratório de Medicina do Genoma e diretor do iBiMED da UA, Manuel Santos, que coordenou este projeto de investigação colaborativa, considera que este novo teste representa um avanço significativo no controlo da Covid-19, por permitir a realização de testes na comunidade, de modo simples, a baixo custo, e fácil automação do processo laboratorial, possibilitando assim escalar o número de rastreios diários.

De acordo com Manuel Santos, o kit de saliva desenvolvido pela Muroplás também é útil para a recolha de amostras para a vigilância genética das variantes do coronavírus SARS-CoV-2, que o laboratório de Aveiro também avalia através de um projeto de investigação da Covid-19 financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia.

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