Terapia fotodinâmica: luz, oxigénio e reação!

O uso da luz, nomeadamente da luz solar, para fins terapêuticos remonta aos primórdios da civilização greco-romana. Com o desenvolvimento de fontes de luz mais sofisticadas – LEDs e lasers – o uso da luz na medicina tem vindo a assistir a um crescimento muito significativo dando origem à disciplina de fotomedicina, que se está a tornar cada vez mais importante.

Um dos exemplos terapêuticos mais promissores é a terapia fotodinâmica. A expressão fotodinâmica advém da conjugação do prefixo foto (luz em grego) com dinâmica, a qual se refere ao conjunto de reações químicas e bioquímicas que ocorrem com o oxigénio molecular do meio, após a ativação pela luz de um medicamento com características particulares, denominado de fotossensibilizador. Estas reações resultam na produção de espécies radicais de oxigénio, as quais são altamente tóxicas para as células.

A Terapia Fotodinâmica (Photodynamic Therapy, PDT, em inglês) tem várias aplicações terapêuticas que vão desde o tratamento de tumores sólidos até aplicações do foro antimicrobiano. Atualmente, esta terapia encontra-se aprovada em diversos países para o tratamento de diferentes tipos de cancro da pele, cancro da cabeça e pescoço e próstata, bem como para a destruição dos vasos sanguíneos anormais associados à degeneração macular relacionada à idade.

A terapia fotodinâmica tem igualmente um grande potencial para o tratamento de diversas doenças infeciosas (bactérias, fungos, vírus e parasitas) bem como para desinfeção de superfícies e instrumentos, embora esta seja uma área que ainda carece de translação clínica.

Para o efeito, existem diversos fotossensibilizadores com características particulares para cada aplicação e, do mesmo modo, uma variedade de fontes de luz com comprimentos de onda que podem ir do azul ao infravermelho. Essas fontes de luz podem assumir uma forma particular, de modo a se adequarem à anatomia do local a ser tratado, como por exemplo máscaras faciais embebidas em LEDs, ou acoplarem-se a dispositivos de propagação da luz, como fibras óticas, permitindo assim o acesso mais controlado a determinados órgãos.

Terapia Fotodinâmica no tratamento do cancro

Entre a diversidade de aplicações da Terapia Fotodinâmica, a utilização ao nível oncológico é a que tem recebido mais atenção por parte das comunidades científica e médica. De uma forma generalizada, a aplicação da Terapia Fotodinâmica para o tratamento de um tumor sólido requer a administração de um fotossensibilizador, tipicamente por via intravenosa ou aplicação tópica. (...)

Lígia C Gomes-da-Silva, doutorada em Tecnologia Farmacêutica pela Universidade de Coimbra, investigadora no Centro de Química da Universidade de Coimbra; Fábio A. Schaberle, investigador no Centro de Química da Universidade de Coimbra, licenciado em Física pela Universidade Federal de Santa Catarina, Brasil, doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, Brasil; e Luís G. Arnaut, professor catedrático do Departamento de Química, Universidade de Coimbra, presidente da International Photodynamic Association, sócio-fundador da Luzitin SA

Artigo completo na TecnoHospital nº110, mar/abr 2022, dedicada ao tema 'A engenharia biomédica'

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