Estudo mostra que smartphone pode ser usado como alternativa ao estetoscópio

Investigadores da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP) concluíram que o smartphone pode ser usado como alternativa ao estetoscópio tradicional, ao ser capaz de gravar os sons pulmonares com qualidade e de capturar os sons anormais.

Em comunicado, a FMUP revelou que o estudo, também desenvolvido por investigadores do CINTESIS – Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde, “testou com sucesso a eficácia da utilização dos microfones incorporados nos smartphones para a auscultação pulmonar de doentes”.

A investigação, publicada na revista científica Sensors, mostrou que o smartphone pode ser usado como alternativa ao estetoscópio tradicional, uma vez que é “capaz de gravar os sons pulmonares com qualidade e de capturar os sons anormais”, designados ruídos adventícios.

No estudo participaram mais de 130 doentes, maioritariamente com patologias respiratórias, seguidos num hospital português.

Numa primeira fase da investigação, os médicos realizaram a auscultação pulmonar com estetoscópios tradicionais em quatro locais e documentaram os sons adventícios registados, tendo, de seguida, feito a auscultação com recurso a um smartphone, que foi gravada duas vezes nos mesmos quatro locais.

“A utilização do smartphone para a auscultação pulmonar poderá contribuir para detetar precocemente os períodos em que o estado do doente se agrava”, afirmou a FMUP, acrescentando que tal permitirá implementar “intervenções oportunas”.

Numa época em que o número de consultas realizadas à distância tem aumentado, esta solução é, segundo os autores do estudo, “muito interessante para a implementação dos serviços de telemedicina na monitorização de doenças respiratórias”, como a asma e fibrose quística.

Nesse sentido, os investigadores desenvolveram uma aplicação, intitulada AIRDOC, para apoiar a monitorização remota dos sons pulmonares nos doentes com doenças respiratórias crónica.

Citada no comunicado, a pediatra e professora na FMUP Inês Azevedo afirmou que a auscultação pulmonar “é essencial na monitorização deste tipo de patologias”.

“Acreditamos que pode ser uma tecnologia promissora, tanto para o contexto clínico como para a futura implementação da telemedicina e das consultas remotas, e até mesmo para melhorar a monitorização realizada pelos próprios doentes”, afirmou a coordenadora do estudo.

Também citada no comunicado, a investigadora da FMUP e do CINTESIS Cristina Jácome explicou que esta consiste no registo dos “sons pulmonares com um ‘smartdevice’ que depois podem ser classificados por clínicos ou analisados automaticamente com base nas características especificas do sinal”.

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