Região Norte passou a ter consultas transgénero

O Centro Hospitalar Universitário do Porto (CHUP) já tem disponível uma nova consulta transgénero, única na região Norte do país, que integra uma equipa médica multidisciplinar de dez especialidades.

A valência, que funciona no Hospital de Santo António (integrado no CHUP), foi visitada a semana passada pelo Secretário de Estado Adjunto e da Saúde, António Lacerda Sales, e a pela Secretária de Estado para a Cidadania e a Igualdade, Rosa Monteiro, que enalteceram mais um passo do Serviço Nacional de Saúde (SNS) para a “inclusão e dignidade humana”.

António Lacerda Sales valorizou o esforço dos profissionais do Centro Hospitalar Universitário do Porto para implementar esta valência “num ano tão complicado devido à pandemia de Covid-19”.

“É mais um sinal de que estamos já a pensar para além da pandemia. Esta unidade funcional é prova disso mesmo, envolvendo dez especialidades num processo complexo, mas necessário”, disse o governante.

A consulta “é uma iniciativa inserida na estratégia para a saúde das pessoas transgénero, que lançámos em 2019, e que materializa uma resposta necessária e especializada na região Norte, há muito reivindicada pela sociedade civil”, disse Rosa Monteiro.

A Secretária de Estado para a Cidadania e a Igualdade considerou que esta nova consulta disponibilizada no Norte do país pelo SNS insere-se na estratégia de “não deixar ninguém para trás”, valorizando a forma “integrada e complementar” como agora se desenvolve este serviço.

Passos para o acesso à consulta transgénero

O acesso a estas consultas transgénero pode ser requerido pelo sistema normal de marcação no Hospital Santo António, no Porto, seguindo-se um agendamento para uma triagem onde será feita avaliação dos utentes.

Envolvidas nesta nova consulta estão dez especialidades clínicas — psicologia, psiquiatria, pedopsiquiatria, pediatria endócrina, cirurgia plástica, urologia, ginecologia, anestesiologia, endocrinologia e endocrinologia pediátrica —, o que permite aos utentes serem seguidos na mesma unidade.

“Tudo começa pela avaliação psiquiatra, para identificar se, de facto, existe um problema de identificação de género. Depois disso, os utentes serão orientados para parte endócrina e alguns, porque nem todos o pretendem, avançam para a transformação genital, com uma equipa multidisciplinar de cirurgia plástica, urologia e ginecologia”, disse o médico responsável pelo serviço de Urologia do Hospital Santo António, Avelino Fraga.

O clínico lembrou, ainda assim, que dar todos estes passos “não é um processo fácil”, não querendo “criar falsas expectativas aos utentes que estão à espera”.

“Estamos numa fase inicial, e há ainda alguns aspetos técnicos para serem desenvolvidos e melhorados da nossa parte, nomeadamente no aperfeiçoamento cirúrgico. Estamos a trabalhar nesse sentido”, reconheceu o médico.

Avelino Fraga apontou, no entanto, a “qualidade e empenho” do corpo clínico da unidade para que este serviço tenha sucesso, recordando que, com o esforço dos profissionais, o Hospital de Santo António conseguiu, nos últimos anos, marcos importantes, como três mil transplantes de rim.

Newsletter TecnoHospital

Receba quinzenalmente, de forma gratuita, todas as novidades e eventos sobre Engenharia e Gestão da Saúde.


Ao subscrever a newsletter noticiosa, está também a aceitar receber um máximo de 6 newsletters publicitárias por ano. Esta é a forma de financiarmos este serviço.