Entrevista a Marta Temido

Em entrevista concedida por escrito à TecnoHospital, a Ministra da Saúde apoia-se nos números – os que sustentam o início da retoma da atividade assistencial e os de um orçamento classificado por mais de uma vez como “de combate à pandemia”.

Marta Temido é licenciada em Direito. Em 1998 foi admitida na Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP), onde se especializou em Administração Hospitalar. Estagiou nos Hospitais da Universidade de Coimbra, onde começou a trabalhar como assessora do Conselho de Administração. Passou depois pelo Hospital de Cantanhede e ajudou a instalar o Centro Hospitalar de Vila Real/Peso da Régua. Depois de uma passagem por Aveiro, regressou a Coimbra, passou pelo IPO do Porto e voltou a Cantanhede. Concluiu o Doutoramento Instituto de Higiene e Medicina Tropical da UNL e presidiu à Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares (APAH) entre 2013 e 2015, ano em que foi nomeada Presidente do Conselho Diretivo da ACSS. Foi Subdiretora do Instituto de Higiene e Medicina Tropical antes de assumir o cargo de Ministra da Saúde.


Passado pouco mais de um ano da presença da Drª Marta Temido à frente do Ministério da Saúde, viu-se envolvida numa situação completamente inesperada, de grande complexidade, a nível mundial, a pandemia da COVID-19, com óbvios reflexos na saúde dos portugueses, e que se traduziu em enorme responsabilidade e grande notoriedade e visibilidade ao Ministério que dirige, já que ficou naturalmente no «olho do furacão» mediático. Neste contexto, considera que lhe saiu a «fava» ou o «brinde» desta situação em Portugal?

A resposta ao impacto da pandemia obrigou a uma reorganização de serviços e procedimentos e os portugueses souberam adaptar-se a esta nova realidade.

Hoje, Portugal está mais bem preparado para enfrentar a próxima fase da pandemia: temos mais recursos, mais organização, mais experiência, mais conhecimento.

Desde março de 2020 que a evolu- ção da situação da pandemia em Portugal provocou alterações significativas nas orientações emanadas das autoridades de saúde, tuteladas pelo Ministério, como por exemplo o uso de máscaras e em que contextos deveriam ser utilizadas, a realização de testes, a utilização de profissionais de saúde do SNS nos lares de idosos, entre outros temas. Como avalia genericamente a atuação das autoridades de saúde pública, DGS e entidades regionais de saúde, na resposta à crise provocada pelo SARS-Cov-2?

O combate é longo e há muito a fazer. Não só por quem trabalha todos os dias para que o SNS dê as respostas que dele se espera, mas por cada um de nós, que deve adotar medidas de proteção da saúde e de prevenção da doença. O papel de todos nós, utentes do Serviço Nacional de Saúde, é essencial no atual contexto de pandemia, colaborando com os serviços de saúde e seguindo as recomendações das autoridades de saúde pública, a quem quero deixar uma saudação especial pelo seu esforço e dedicação.

O Plano de Saúde outono/inverno foi globalmente bem acolhido, mas transparece alguma preocupação relativamente ao «timing» para a sua aplicação. É possível garantir que a rede de saúde do SNS, estará atempadamente preparada para responder ao previsível aumento do número de casos de COVID-19, conjugado com a ocorrência da gripe sazonal e a retoma da atividade programada?

O Plano da Saúde para o outono-inverno 2020-2021 pretende mobilizar todos os agentes do setor da saúde e o país para o período exigente que se avizinha e que requer uma resposta conjunta e participada. Como tal, não se trata de um documento fechado e será alvo de revisão e atualização bimestral, de forma a acompanhar a evolução epidemiológica e os contributos dos diversos intervenientes.

Este é um plano que, com base nos desafios para o outono-inverno, define as linhas estratégicas de atuação para a resposta do sistema de saúde português, mantendo na globalidade o modelo de abordagem aos casos e contactos definidos pelas normas e orientações da DGS. Em continuidade com o modelo de abordagem já implementado, a operacionalização depende de estruturas regionais e locais, o que aliás garante respostas de proximidade adaptadas ao risco epidemiológico, às circunstâncias e aos meios a nível regional e local.

Como pensa poder conciliar-se o tratamento de doentes com COVID-19 nas grandes unidades hospitalares com a diminuição significativa do número de consultas, meios complementares de diagnóstico e terapêutica e cirurgias nesses hospitais, que tem provocado uma mortalidade não COVID em 2020 muito superior à de anos anteriores? Também nos cuidados primários o atraso na retoma da atividade normal é significativo, prevalecendo as consultas por telemóvel ou através de «guichets» em substituição da observação presencial das situações pelos clínicos. O que está previsto para melhorar a resposta destes estabelecimentos, até para que os doentes não vão procurar as soluções para as suas patologias às urgências hospitalares?

Portugal suspendeu a prestação de cuidados programados na primeira fase e o SNS tem vindo a recuperar atividade (...)

Leia a entrevista completa na TecnoHospital nº101, set/out 2020

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