Entrevista a Álvaro Beleza

  • 31 agosto 2023, quinta-feira
  • Gestão

Álvaro Beleza aceitou o desafio de liderar a SEDES em 2020, por considerar que a pandemia justificava a chegada de um médico à presidência do think tank que se assume como uma “escola de cidadania”. Trabalha dedicação exclusiva no Hospital de Santa Maria, onde dirige o serviço de Sangue, e não tem dúvidas sobre o papel da dedicação plena na qualidade do Serviço Nacional de Saúde, compatibilizando essa opção com uma articulação não predatória entre os dois setores. Na economia, advoga uma descida gradual de impostos acompanhada de um combate mais robusto à fuga fiscal, uma fórmula que, acredita, contribuirá para um aumento do PIB e, entre outras coisas, para ajudar a solucionar o subfinanciamento do SNS.

Entrevista por Abraão Ribeiro, Fernando Barbosa, Nelson Baltasar, Torres Farinha e Cátia Vilaça  | Fotografia D.R.

Fale-nos um pouco do seu perfil.

Fiz o curso de Medicina no Porto, na Faculdade de Medicina do Hospital de São João, em 1977, e tirei a especialidade de Imunohemoterapia nos Hospitais da Universidade de Coimbra. Montei e dirigi os serviços de sangue dos hospitais todos do Alentejo – Beja, Évora, Santiago do Cacém e Portalegre e Elvas, tendo sido criado um sistema em rede.

Depois convidaram-me para montar o Laboratório de Saúde Pública Laura Ayres, que, além de Saúde Pública, faz também análises clínicas para os centros de saúde do Algarve. Fui presidente do Instituto do Sangue, e em 2011 inaugurei o centro de sangue do Instituto Português do Sangue em Coimbra, que é o maior centro de sangue europeu, em dimensão.

Entretanto, passei a ser diretor do serviço de sangue do Hospital de Santa Maria, onde estou com muito gosto. Trabalho no SNS em dedicação exclusiva, nunca tive outra atividade. Sou ainda regente da disciplina de Medicina Transfusional da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa/Hospital de Santa Maria. Na política, comecei na JSD em 1974, mas quando morreu Sá Carneiro, que eu admirava muito, afastei-me.

Só voltei em 1985, para apoiar Mário Soares, que eu achava - e acho - uma figura absolutamente ímpar. É um dos pais da nossa democracia e da entrada de Portugal na União Europeia, e apoiei-o na eleição desse ano. Depois entrei no Partido Socialista, onde ainda sou dirigente, às vezes com mais funções, outras com menos. Nunca tive nenhum lugar político.

Fui convidado para a SEDES pelo Dr. João Salgueiro e pelo Prof. Campos e Cunha, mas apenas aceitei a presidência no ano da pandemia porque achei que se justificava um médico a liderar a SEDES. Faço isso com muito gosto porque acho que os cidadãos têm de intervir na vida pública.

A SEDES foi uma associação importante que, no período marcellista, procurou fazer alguma coisa no sentido de democratizar o país e de o tornar pró-europeísta, mas houve um período em que a SEDES deixou de se sentir na sociedade, e agora apareceu. Nunca houve uma paragem da associação, ou esteve sem funcionamento durante alguns anos?

A associação esteve sempre a funcionar e promovia debates. Mas da SEDES saiu grande parte do PPD e do PSD, e uma parte substancial do PS – Vítor Constâncio, António Guterres, João Cravinho, João Proença, ou seja, a área católica progressista veio da SEDES. É natural que os partidos tivessem maior relevância. Quando a SEDES se criou, era um semi-partido, e tentou ser partido, mas o Marcello Caetano não deixou. Tentou fazer distritais, mas o Marcello Caetano também não deixou, apesar de um dos fundadores ser o seu filho Miguel Caetano. Não se podia falar do Ultramar nem constituir partido. Eu assumi a SEDES no ano da COVID. Fiz muitas reuniões aqui no hospital, de bata, via Zoom. (...)

Leia a entrevista completa na TecnoHospital nº118, jul/ago 2023, dedicada ao tema 'Inovação e Novas Tecnologias em Saúde – Parte I'

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