O Ensino da Engenharia Biomédica em Portugal

A Engenharia Biomédica é uma especialidade tecnológica muito dinâmica e multidisciplinar, cujo objetivo principal reside na integração da Biologia e da Medicina com a Engenharia, tendo como propósito a resolução de problemas de saúde associados aos seres vivos. Pretende-se, desta forma, melhorar a prática médica pela agregação dos conhecimentos e competências das diferentes engenharias com a complexidade dos sistemas biológicos. O ensino da Engenharia Biomédica apresenta assim desafios muito particulares no sentido em que é fundamental fornecer uma sólida formação no domínio das Engenharias mais tradicionais, como eletrotécnica, mecânica e química, bem como informática e ciência dos materiais, com os conhecimentos indispensáveis em biologia e ciências da saúde [1]. Existem várias outras áreas de formação próximas, mas distintas, da Engenharia Biomédica, como a Engenharia Biológica, a Bioengenharia e a Biotecnologia, que não irão ser tratadas nesta breve análise à formação fornecida pelas instituições de Ensino Superior em Portugal.

O ensino desta especialidade da Engenharia teve o seu início em Portugal em 2011 no Instituto Superior Técnico (IST) e atualmente existem formações de primeiro ciclo (mais frequente nos Politécnicos) e Mestrados Integrados (mais comum nas Universidades) em diferentes instituições. O primeiro ciclo, de três anos (correspondentes a 180 unidades do European Credit Transfer and Accumulation System - ECTS), dá formação geral nas Ciências Básicas (Física, Matemática e Química) e nas Ciências da Saúde e Biologia, bem como em algumas competências mais específicas da Engenharia (como programação, eletrónica ou biomateriais). Os detalhes da implementação e a comparação dos diferentes planos de estudos será realizada na segunda parte deste artigo, mas importa por agora salientar que nas diferentes instituições não existem, geralmente, Departamentos de Engenharia Biomédica e que os cursos são assim coordenados a partir de áreas afins (como Física, Eng. Eletrotécnica, Química, etc.; o Departamento de Bioengenharia do IST foi fundado apenas em 2011). Estas diferentes responsabilidades pela gestão dos cursos acabam por se refletir no plano de estudos implementado. Os percursos formativos espelham, como seria de esperar, as competências existentes na instituição, onde os diferentes ramos e disciplinas de especialização disponibilizados estão normalmente relacionados com as unidades de investigação existentes e com os outros cursos de Engenharia oferecidos pela instituição. Por exemplo, na Universidade de Coimbra (UC) não existe uma especialização em Engenharia Clínica, comum em outras Escolas, mas existe em Neurociências, fruto da importância e dimensão do seu Centro de Neurociências e Biologia Celular. (...)

Artigo publicado na Edição nº 95

João Carvalho (FCT/UC), Fernanda Coutinho (ISEC/IPC)

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