Do Clínico Geral da Engenharia Hospitalar aos Engenheiros Clínicos e Biomédicos

Na senda das entrevistas que a TecnoHospital (TH) tem vindo a realizar a personalidades que se têm distinguido na área da saúde, publicamos nesta edição uma entrevista ao Presidente do Conselho Nacional de Saúde (CNS), Prof. Henrique Barros, cuja idoneidade, experiência e competências profissionais são por demais evidentes.

Embora gastroenterologista de formação, foi na área da epidemiologia e da saúde pública que o professor catedrático da FMUP se destacou, designadamente como membro e coordenador de várias entidades, comités e associações, tendo integrado e presidido a alguns desses organismos, quer nacionais quer internacionais.

Dos diversos cargos que desempenhou destacamos a coordenação nacional para a infeção VIH/Sida e o facto de ter integrado a Comissão Científica Independente de Controlo e Fiscalização Ambiental da Coincineração, tendo sido agraciado duas vezes pelo Ministério da Saúde. Durante a entrevista, realizada por vídeo chamada, relatou-nos o seu interessante percurso académico e profissional, referindo-se à triangulação necessária para procurar controlar as infeções associadas aos cuidados de saúde, à importância em transformar a informação em conhecimento e, naturalmente, ao CNS, à Covid- 19, ao mesmo tempo que mencionou algumas falhas e falta de recursos, assim como as lições que podemos retirar da pandemia.

Durante a conversa, houve tempo para abordar alguns outros importantes temas e outras tantas curiosidades que só a leitura atenta da entrevista nos poderá revelar.

No Dossiê desta edição, dedicado ao tema “Manutenção, monitorização e predição de Instalações e Equipamentos da Saúde”, coordenado pelos Engs Torres Farinha e Luís Duarte, temos cinco excelentes artigos da autoria de seis profissionais especialistas, de diferentes áreas tecnológicas, ligados à academia e à saúde.

Trata-se de um tema importante e sempre atual – da esfera da engenharia e gestão dos ativos físicos da saúde – que aborda a evolução da manutenção e os paradigmas correlacionados, a importância dos sistemas inteligentes associados, a gestão dos dados e da condição dos ativos físicos hospitalares, assim como a gestão dos riscos envolvidos e os investimentos relacionados, nomeadamente, ao nível da transformação digital.

A associada e colaboradora da TH Engª Fernanda Coutinho apresenta-nos um interessante artigo intitulado “Manutenção Preditiva nos Equipamentos de Saúde: princípios, benefícios, obstáculos e o futuro”, em que nos descreve, entre outros, as vantagens e ganhos que nos pode trazer a aplicação de metodologias preditivas na manutenção e a sua integração com os sistemas de informação de apoio à gestão.

Por sua vez, o Eng.º Mateus Mendes apresenta-nos um texto bem documentado, intitulado “Importância dos Sistemas Inteligentes na Manutenção Preditiva” onde nos refere que, nos dias de hoje, a transformação digital, a IA e a gestão de dados estão na base da generalização dos sistemas inteligentes que se baseiam na aprendizagem automática ao longo do tempo.

Já o Eng.º Inácio Fonseca e o Eng.º José Torres Farinha, habituais colaboradores da revista, apresentam-nos nesta edição um artigo que aborda a temática “Manutenção Preventiva - Do Sensor à decisão Proactiva na Manutenção”. Este artigo descreve em particular as etapas necessárias para uma correta aquisição de sinais e as tecnologias utilizadas para a transmissão e análise inteligente dos dados, no âmbito da ciência da computação.

Para além de diversas importantes abordagens, o texto menciona ainda a “importância de suportar a decisão sobre uma política de manutenção preditiva de forma quantitativa, baseada em modelos econométricos.”

Por sua vez, o Eng.º Alberto Adrêgo apresenta o tema “Gestão de riscos no âmbito da manutenção de equipamentos da saúde e instalações hospitalares”, onde aborda, designadamente, a realidade hospitalar e planificação das manutenções preventivas e corretivas das instalações e equipamentos, bem como a análise do risco da atividade e ciclo de vida do equipamento nas infraestruturas hospitalares.

Por fim, o Eng.º Pedro Teixeira, Diretor dos SI do IPO-Lisboa, dá-nos a conhecer o “Investimento na Transformação Digital no IPO Lisboa”, em três grandes projetos em TIC, resultantes de candidatura aprovada pelo SAMA 2020, com financiamento comparticipado pelo FEDER/FSE. Com este investimento, o IPO ganhou capacidade nos recursos, diminuindo a complexidade e aumentando a flexibilidade, com vantagens para a atividade clínica e administrativa.

Um excelente dossiê, cuja leitura recomendamos.

A nova e recente Secção Reflexões apresenta-nos hoje dois excelentes textos, sendo um primeiro intitulado “A Vacina”, da autoria do Eng. Pinto dos Santos que, refletindo e recorrendo à evidência científica, responde a interrogações levantadas no interessante texto do Dr. Paulo Salgado, publicado na edição anterior (TH104), sob o título Pandemia e Condição Humana.

O segundo texto, “O Ciclo do Caranguejo”, foi produzido pela mão do nosso colaborador regular, administrador e escritor Paulo Salgado, que aqui nos fala sobre: o desenvolvimento e a condição humana (PNUD), os imigrantes e movimentos migratórios, cita o Papa Francisco, sonhando um novo humanismo europeu…, a hecatombe climática do planeta, interrogando sobre qual o papel da economia na gestão dos serviços de saúde.

A edição fecha com a habitual crónica do Consultor Editorial da TH, Eng.º Fernando Barbosa, que na rubrica que assina, “Crónicas da Última Página”, nos dá uma imagem da evolução da Engenharia da Saúde ao longo das últimas décadas, relatando, com uma certa graça, a sua própria experiência de engenheiro, como “Clínico Geral da Engenharia Hospitalar”, dada a forçada polivalência que lhe era requerida nas diversas áreas e especialidades de engenharia existentes nas Unidades da Saúde.

Uma interessante reflexão que nos traz à memória realidades e dificuldades de outros tempos, diferentes das que hoje vivenciamos, embora existam ainda algumas situações semelhantes que merecem atenção dos dirigentes, devendo ser avaliadas e alteradas, em prol da melhor qualidade e segurança dos ativos físicos hospitalares e dos próprios utentes.

Porém, tal como podemos constatar pela leitura dos temas, conteúdos e abordagens da presente edição da TH, o cenário atual é de enorme exigência, sendo que a evolução tecnológica, virtualização e diferenciação exige, cada vez mais, maior especialização e competências em diferentes domínios, o que motivou a ATEHP a propor a criação de uma especialização horizontal em Engenharia da Saúde, podendo abarcar engenheiros de várias especialidades, desde as clássicas até às mais recentes – e em crescendo –, como a Engenharia Clínica e a Engenharia Biomédica.

Para si, caro leitor, que se interessa pela inovação e modernização dos sistemas e ativos físicos da saúde, votos de uma leitura proveitosa.

Editorial da TecnoHospital nº105, mai/jun 2021, dedicado ao tema 'Manutenção, monitorização e predição de Instalações e Equipamentos de Saúde'

Abraão Ribeiro

Diretor da TecnoHospital

Se quiser colocar alguma questão, envie-me um email para info@tecnohospital.pt

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