Criado Organoide cardíaco a partir de células estaminais

  • 20 novembro 2023, segunda-feira
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Fotografia: National Cancer Institute_Unsplash

Foi desenvolvido um modelo – denominado de organoide por mimetizar um órgão – que recria a fase do desenvolvimento embrionário referente à formação da camada externa da parede do coração, o epicárdio.

De acordo com o comunicado enviado à redação, trata-se do primeiro modelo descrito na literatura que consegue mimetizar em laboratório esta fase do desenvolvimento embrionário do coração humano.

Este projeto científico, que pode contribuir para o tratamento de doenças cardíacas, como o enfarte do miocárdio, é o vencedor da terceira edição do Prémio Crioestaminal & SPCE-TC de Investigação em Medicina Regenerativa.

Para mimetizar o desenvolvimento embrionário do coração, o estudo publicado na revista científica Nature Communications e que tem como primeira autora a investigadora Mariana Branco, utilizou células estaminais pluripotentes induzidas humanas.

Pela sua capacidade de diferenciação, estas células têm sido alvo de intensa investigação nos últimos anos para o desenvolvimento de modelos in vitro de uma vasta gama de tecidos e dos chamados organoides, estruturas tridimensionais que pretendem reproduzir a organização espacial de um órgão humano e replicar algumas das suas funções.

“A recriação do desenvolvimento embrionário de tecidos do cérebro, do intestino e dos rins através de organoides derivados destas células foi bem-sucedida até ao momento, mas reproduzir as fases iniciais do desenvolvimento do coração tem sido particularmente desafiante”, lê-se no mesmo comunicado.

Foi com este desafio em mente que a equipa de investigadores que desenvolveu o trabalho premiado se focou em recriar a camada externa do coração, chamada epicárdio, que envolve o miocárdio e é essencial para o crescimento do músculo cardíaco.

“Este avanço científico permite dar um passo em frente no desenvolvimento de modelos cardíacos humanos em laboratório e poderá dar resposta a necessidades fundamentais e urgentes no campo da medicina cardiovascular, em particular na regeneração do miocárdio, no desenvolvimento de medicamentos e na avaliação de toxicidade a nível cardíaco”, referiu a Crioestaminal em comunicado.

Assim, o organoide cardíaco desenvolvido neste estudo pode ser usado para avaliar de que forma medicamentos já disponíveis afetam o desenvolvimento do coração. “Algo que é crucial durante a gravidez, quando a medicação é necessária devido a doenças pré-existentes ou a condições relacionadas com a gestação”, acrescentou.

Este modelo pode ainda ser uma ferramenta promissora para obter conhecimento sobre como desenvolver tratamentos, por exemplo, para o enfarte do miocárdio, uma das principais causas de morte em todo o mundo.

Estudar doenças cardíacas congénitas e identificar potenciais alvos para medicamentos que permitam melhorar a qualidade de vida e aumentar a esperança de vida destes doentes são outras das aplicações do modelo embrionário criado em laboratório.

“Este trabalho inovador poderá ser muito útil para dar resposta a necessidades médicas urgentes na área cardíaca e para ajudar empresas farmacêuticas a desenvolver medicamentos mais eficazes”, afirmou a diretora de Investigação & Desenvolvimento da Crioestaminal e membro do júri deste prémio, Carla Cardoso. “É com grande satisfação que reconhecemos este projeto de investigação na área da medicina regenerativa”, acrescentou.

O Prémio de Investigação em Medicina Regenerativa, promovido pela Sociedade Portuguesa de Células Estaminais e Terapia Celular e pela Crioestaminal, reconhece a melhor publicação de índole básica ou aplicada na área designada, da autoria de investigadores nacionais ou estrangeiros, total ou parcialmente realizado em instituições portuguesas no ano anterior à sua atribuição.

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