Cirurgias: Portugal com esperas superiores à generalidade da Europa

  • 12 novembro 2019, terça-feira
  • Gestão

Em 2017, Portugal tinha das médias de espera mais elevadas da Europa para cirurgias às cataratas e de substituição da anca e do joelho. Os dados foram divulgados há dias no relatório da OCDE “Health at a Glance”, que analisa um conjunto de indicadores de saúde nos países da organização.

No caso da cirurgia às cataratas, os últimos dados disponíveis mostram, para Portugal, uma mediana de tempo de espera é de 106 dias e a média de 123. Na Europa encontram-se números tão díspares como 43 dias de espera média em Itália e 458 na Polónia. Nesta categoria cirúrgica, a OCDE escolheu olhar com particular atenção para quatro países: Canadá, Portugal, Nova Zelândia e Espanha, analisando as trajetórias destes países entre 2007 e 2017. Em 2007, Portugal apresentava uma mediana de tempo de espera para esta cirurgia de 140 dias, que diminuiu progressivamente até aos 49 dias em 2011. A partir daí teve início nova trajetória ascendente, até chegar aos 106 dias em 2016 e 2017. Já na cirurgia de substituição da anca, a mediana é de 111 dias e a média de 130. No quadro dos países europeus, volta a ser a Polónia a apresentar o pior resultado, com uma mediana de 246 dias e uma média de 419. Para a cirurgia de substituição do joelho os números são piores, com Portugal a apresentar uma mediana de espera de 192 dias e uma média de 201. A Estónia apresenta dados mais alarmantes a nível europeu, com 442 dias de mediana e 564 de média. Interessa também olhar, em termos comparativos, para o Chile, que também integra a OCDE, onde a mediana de tempo de espera para esta cirurgia chega aos 842 dias e a média aos 861.

Como explica o estudo, os tempos de espera são o resultado de uma complexa interação entre a oferta e a procura de serviços de saúde. A procura por serviços de saúde e por cirurgias programadas é determinada pelo estado de saúde da população, pelo progresso nas tecnologias médicas, pelas preferências dos doentes e pelos custos. Como muitos pacientes esperam longos períodos, a mediana é consideravelmente mais baixa, e pode, na opinião dos autores do estudo, aferir uma forma melhor de aferir a tendência central. A diferença significativa entre as duas medidas em países como a Estónia, a Polónia e o Chile indicia a existência de grupos problemáticos de doentes, que esperam significativamente mais do que os outros por uma cirurgia.

Encurtar tempos

O estudo explica também como é que países como a Dinamarca e a Hungria conseguiram reduzir as suas listas. No caso nórdico foram impostos tempos máximos de espera, além de ser dada a possibilidade ao doente de escolher o prestador. Se o tempo máximo de espera não for cumprido, o doente pode escolher outra unidade, pública ou privada. Se o tratamento for feito fora da área de residência, será a zona onde o paciente vive a assegurar a despesa. A Dinamarca reduziu a sua lista de espera de dois meses para um em 2007. Também na Hungria o tempo de espera para muitas cirurgias programadas tem vindo a ser reduzido nos últimos anos. Foi decretada a redução do tempo para um período inferior a 60 dias para pequenas cirurgias e inferior a 180 dias para grandes cirurgias. Para alcançar este objetivo, o governo adotou leis e regulamentos para gerir as listas de espera, desenvolveu um sistema online para monitorizar a situação em tempo real e reforçou o orçamento para reduzir as listas em áreas ou hospitais selecionados, além de ter incentivado a relocalização de pacientes para equilibrar as listas.

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