Automatização de processos em síntese radioquímica: a importância de módulos de síntese na criação e transferência de conhecimento

A Medicina Nuclear, entendida como área transversal e translacional de conhecimento, alicerça-se no princípio dos radiotraçadores de George de Hevesy e no conceito de “magic bullet de Paul Ehrlich para a investigação, diagnóstico e tratamento de doenças usando radiofármacos. Os procedimentos usados na Medicina Nuclear permitem a obtenção de informações únicas relativamente aos mecanismos subjacentes às doenças humanas com aplicações clínicas e de investigação, importantes especialmente em Oncologia, Cardiologia e Neurociências.

Um radiofármaco é essencialmente uma molécula que inclui um radioisótopo (átomo instável que decai por emissão de radiação, ou seja, radioativo), por substituição de um átomo estável ou por incorporação numa molécula. Nas técnicas tradicionais de Medicina Nuclear, em uso desde meados do século passado, recorre-se a radioisótopos como o 99mTc e o 131I, obtidos em reatores nucleares por produção direta ou por intermédio de geradores. Nas últimas décadas, o desenvolvimento da Tomografia por Emissão de Positrões (PET) levou a uma crescente utilização de emissores de positrões, como 11C, 18F, 13N e 15O, produzidos através de um acelerador de partículas, o ciclotrão.

Atualmente, assiste-se a um desenvolvimento crescente da utilização de radiofármacos marcados com radioisótopos de metais, comummente denominados radiometais, que demonstram propriedades muito promissoras como bio-marcadores de imagens (de que o 68Ga é o exemplo mais proeminente) e/ou terapêuticas (como 177Lu, 90Y e 161Tb) com base nas suas características de emissão. A possibilidade de marcar uma mesma molécula alternativamente com radiometais com distintas propriedades é uma ferramenta que ganha importância crescente em clínica e investigação, devido aos empolgantes aspetos de combinar o potencial na imagem com a terapia. A esta interação/junção de capacidades da mesma molécula, marcada com radioisótopos de diferente emissão, designamos por Teranóstica.

Vítor H Alves1, Francisco Alves1,2, Antero J Abrunhosa1

1 ICNAS – Instituto de Ciências Nucleares Aplicadas na Saúde – Universidade de Coimbra

2 Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Coimbra – Instituto Politécnico de Coimbra

Artigo publicado na edição nº93 da TH

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