A pandemia a SARS-CoV-2: um Cisne Negro ou uma oportunidade de aprendizagem?

Os primeiros casos de infeção pelo vírus SARS-CoV-2 (Severe Acute Respiratory Syndrome - Coronavirus- 2) foram detetados na República Popular da China no final de 2019, na cidade de Wuhan, na província de Hubei, uma região de localização central no país. De referir que a cidade de Wuhan e a província de Hubei têm cerca de 10 milhões e 60 milhões de habitantes, respetivamente. Estima-se que de Wuhan partissem diariamente em voos transcontinentais, sobretudo para a Europa e Estados Unidos da América, 3.500 residentes na cidade. E Wuhan tinha voos diários diretos para Milão, Paris e Londres.

Apesar das medidas extremas de contingência aplicadas em Wuhan, a exportação de casos e o aumento de surtos noutros países levou à declaração do estado de pandemia pela Organização Mundial de Saúde (OMS), a 11/03/2020. Em Portugal, os primeiros casos foram diagnosticados a 02/03/2020, o primeiro óbito ocorreu a 16 de março e o estado de emergência foi decretado no dia 18 do mesmo mês.

No decurso destes acontecimentos, várias questões têm sido levantadas. Nomeadamente, se a ocorrência da pandemia foi um acontecimento altamente improvável (“cisne negro”) ou se era expectável, a origem do vírus e que lições podemos aprender para o futuro.

Cisne negro ou uma pandemia inevitável?

O termo “cisne negro” foi usado para descrever acontecimentos altamente improváveis, sobretudo na área económica e na bolsa de valores. O termo foi utilizado pela primeira vez em 2007 no livro “The Black Swan: The Impact of the Highly Improbable” de Nassim Taleb. Considerar as pandemias como “cisnes negros” é desconhecer o nosso passado. As pandemias fazem parte da história da Humanidade e nos últimos cem anos tivemos 5 pandemias, duas das quais no século XXI. A única incerteza numa pandemia é quando vai ocorrer.

Existem várias definições para explicar o conceito de pandemia, uma palavra de origem grega que conjuga pan (todos) e demos (povo). Talvez a mais interessante nos dias de hoje tenha sido proposta por Richard P. Wenzel: “a response to an infectious threat that requires international surge capacity”. Ou seja, a resposta a uma ameaça infeciosa que requer uma capacidade incremental, extraordinária e articulada à escala global. A vantagem deste conceito é tornar explícito que nenhum país, região ou continente tem capacidade isolada para lidar com esta ameaça à escala global. Precisamos de todos e, idealmente, de uma forma coordenada e articulada. Os dois aspetos mais importantes na caracterização de uma pandemia são a eficácia da transmissibilidade entre humanos e a gravidade da doença. (...)

Filipe Froes, médico especialista em pneumologia e medicina intensiva e coordenador da Unidade de Cuidados Intensivos Médico-Cirúrgicos do Hospital Pulido Valente – CHULN

Artigo completo na TecnoHospital nº101, set/out 2020

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