Investigadora distinguida por trabalho sobre parasitas

D.R

Sara Silva Pereira, investigadora do Católica Biomedical Research Centre (CBR) e docente na Faculdade de Medicina da Universidade Católica Portuguesa (FM-UCP), foi distinguida com a BSP President's Medal, o mais alto prémio científico para jovens investigadores de excelência atribuído no Reino Unido na área da parasitologia

Esta é a segunda vez que a distinção é atribuída fora do Reino Unido. A investigadora afirma que se trata de uma motivação para a continuidade do trabalho que, com a sua equipa, tem vindo a desenvolver na exploração dos mecanismos de sobrevivência dos tripanossomas. “Compreender estes processos é fundamental para desenvolver estratégias mais eficazes para controlar doenças infeciosas negligenciadas que continuam a afetar milhões de animais e pessoas”, afirma a investigadora, citada em comunicado.

Desde 2023, Sara Silva Pereira lidera o Laboratório de Interações Parasita - Vasculatura, integrado no CBR, onde investiga a forma como os tripanossomas africanos, parasitas responsáveis pela doença do sono, interagem com os hospedeiros mamíferos - gado e humanos -, com especial foco nas células que revestem os vasos sanguíneos, as células endoteliais.

A investigação de Sara Silva Pereira procura compreender como é que o “diálogo” entre o parasita e os vasos sanguíneos afeta tanto a sobrevivência do tripanossoma como a apresentação clínica da doença. Quando um humano ou animal é picado por uma mosca tsé-tsé infetada com tripanossoma, pode formar-se um caroço ou ulceração dolorida localizada, seguida de febre, emaciação, letargia, distúrbios do sono, confusão, e descoordenação motora.  Se a doença não for tratada, é invariavelmente letal. Os parasitas interagem com a barreira hematoencefálica, causando inflamação e danos no sistema nervoso central que podem ser fatais na ausência de tratamento farmacológico. Em animais de produção, a doença provoca reduções acentuadas no desempenho zootécnico, estimadas em 1.5 mil milhões de dólares por ano, e elevada mortalidade, estimada em 3 milhões de cabeças de gado por ano.

O grupo desta investigadora integra abordagens computacionais e de biologia da infeção com sistemas de bioengenharia de tecidos, que permitem recriar ambientes fisiológicos mais próximos dos cenários reais de doença. O objetivo último da investigação que lidera é compreender como os tripanossomas conseguem sobreviver no hospedeiro, abrindo caminho para o desenvolvimento de novas terapias.

Criado em 2019, a BSP President’s Medal é um prémio anual para reconhecer cientistas “em início de carreira que tenham produzido investigação de qualidade internacional, tenham gerado impacto tangível na área da parasitologia e demonstrem potencial para se tornarem líderes mundiais neste campo científico”. Os cinco anteriores recipientes desta medalha foram Mattie Pawlovic, Emma Briggs, Joana Correia Faria, Habil Grzybek e Juan Quintana, nomes cada vez mais salientes no mundo da parasitologia.

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