ULS São José realiza procedimento inovador no SNS para traumatizados de crânio graves
- 05 setembro 2024, quinta-feira
- Gestão
Fotografia: ULS São José
O Serviço de Neurocirurgia da Unidade Local de Saúde (ULS) de São José realizou, em julho passado, um procedimento pioneiro no Serviço Nacional de Saúde (SNS), designado Cisternostomia Basal.
Esta técnica inovadora é menos invasiva do que o procedimento tradicional de craniectomia descompressiva, utilizado em doentes com hipertensão intracraniana refratária, que envolvia a retirada de uma parte considerável da calote craniana, permitindo uma descompressão do parênquima encefálico.
Segundo a ULS São José, “este procedimento, extremamente invasivo e altamente desfigurador, está associado a múltiplas complicações, sendo necessário um segundo procedimento para colocação do osso (ou seu substituto) de volta no local de origem”.
A nova abordagem, ainda que tecnicamente muito mais exigente, e que pode evitar a retirada do osso, promete reduzir complicações, diminuir o tempo de ventilação e melhorar significativamente o prognóstico de pacientes com lesões cerebrais graves.
Em 2022, uma equipa composta pelos neurocirurgiões Pedro Barros, Pedro Branco e Inês Ramadas usou este procedimento pela primeira vez, tendo sido usado como complemento de uma craniectomia descompressiva. Contudo, o verdadeiro avanço deu-se em julho de 2024, quando foi realizada a primeira Cisternostomia Basal, como procedimento único, por uma equipa liderada pelos neurocirurgiões Pedro Barros e Gonçalo Novais, e constituída também por anestesista, enfermeiros e assistentes operacionais.
Esta intervenção foi realizada no Bloco Central do Hospital São José, num doente jovem, com prognóstico muito reservado, vítima de acidente de viação grave, e em que não era possível controlar a pressão intracraniana apenas com terapêutica conservadora.
“Após a cirurgia, ao cuidado da Unidade de Cuidados Intensivos Neurocríticos e posteriormente da unidade de internamento do serviço de Neurocirurgia, que tem uma longa tradição no tratamento de excelência de doentes traumatizados de crânio, o doente iniciou um processo de recuperação notável, encontrando-se agora em reabilitação intensiva na unidade de Medicina Física e Reabilitação do Hospital Curry Cabral, num quadro capaz de comunicar eficazmente e sem claros défices motores”, descreveu a ULS São José em comunicado.
De acordo com a ULS São José, este avanço na área da Neurocirurgia traduz-se numa nova esperança para doentes que de outra forma poderiam não sobreviver e uma alternativa a um procedimento associado a vários inconvenientes, entre os quais uma deturpação estética importante, e que, muitas vezes, acarreta a necessidade de múltiplas cirurgias posteriores.
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