Investigadores desenvolvem sistema para prever tipo de parto

  • 31 outubro 2023, terça-feira
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Fotografia: João Nuno Correia, Iolanda Ferreira e Ana Luísa Areia_Universidade de Coimbra

Uma equipa multidisciplinar da Universidade de Coimbra está a desenvolver um sistema de análise computacional para prever a probabilidade de um parto induzido ocorrer por via vaginal.

Até agora, os investigadores envolvidos no projeto já analisaram os dados de 2 600 mulheres seguidas no Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC), “que apontam para resultados promissores”, informou a instituição de ensino superior.

“O próximo passo é analisar as ecografias recolhidas e, posteriormente, criar uma ferramenta com todos estes dados e testá-la em pessoas reais”, adiantou a Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC) em comunicado enviado à redação.

No trabalho participam investigadores do Departamento de Engenharia Informática (DEI) da FCTUC e da Faculdade de Medicina (FMUC), que “apostam no desenvolvimento de um sistema que tem como objetivo prever, através de análise computacional, a possibilidade de um parto vaginal após a indução do mesmo”.

“As induções de trabalho de parto são realizadas cada vez mais frequentemente, mas nem sempre terminam num parto vaginal”, referiu.

Foi este o “ponto de partida” para a investigação “Predicting Vaginal Delivery After Labor Induction with Machine Learning”, da autoria de Iolanda Ferreira, doutoranda de Ciências da Saúde, sob a orientação científica de Ana Luísa Areia, professora da FMUC, coadjuvada por João Nuno Correia, docente da mesma faculdade.

“Todas as induções têm 30 a 35 por cento de probabilidade de acabar em cesariana, portanto, sabemos de antemão que 70 por cento das mulheres vão ter um parto vaginal. No entanto, se desses 30 por cento conseguíssemos precisar que vão realmente terminar em cesariana, poder-se-ia aconselhar de forma adequada e proativa sobre a necessidade de indução de trabalho de parto, um processo árduo para a mãe e o feto e que, de facto, pode acrescer na carga emocional e económica associadas a este procedimento”, explicou Iolanda Ferreira.

Sendo esse “um procedimento tão frequente, que gera tantos dados, pensámos que talvez pudéssemos utilizar uma técnica que fizesse a sua análise para ajudar os médicos a perceber se vale a pena – ou quando vale a pena – investir numa indução para obter um parto vaginal”, afirmou.

Citada na nota, a doutoranda realçou que, “neste momento, os obstetras investem na indução de parto em todas as mulheres, sabendo à partida, por determinadas características, em quais este poderá ou não acontecer por via vaginal”.

Para João Nuno Correia, “a ideia é chegar a algo que, através da fusão de dados (tabulares e imagens), forme um módulo de apoio que forneça informação personalizada sobre cada grávida, acerca da elevada probabilidade de parto vaginal após indução”.

“Se esta for elevada, a indução será executada com maior confiança. Caso contrário, ou seja, exista uma probabilidade de cesariana bastante elevada, a grávida pode ser aconselhada de outra forma”, acrescentou.

Nesta investigação, a inovação passa por “prever o tipo de parto também utilizando os dados de imagem ecográfica”.

“O clínico baseia-se na história clínica da pessoa e nas suas características no seguimento daquela gravidez, (…) queremos ver se o sistema, ao analisar aquela combinação de dados clínicos e imagens, percebe de uma forma que posteriormente ajude ou não a tirar alguma conclusão”, sublinharam os investigadores.

Esta colaboração entre o DEI e a FMUC “é fundamental, porque futuramente vai apoiar a decisão dos médicos antes do parto e, consequentemente, permitir melhorar tanto os desfechos neonatais como as experiências das mulheres no parto”, concluíram.

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