Alimentação inadequada e excesso de peso entre os fatores que mais determinam a carga da doença em Portugal

Fotografia: Freepik

O excesso de peso e os hábitos alimentares inadequados emergem como fatores críticos na determinação da carga da doença entre os portugueses, revelou um estudo internacional, coordenado pelo Institute for Health Metrics and Evaluation da Universidade de Washington em colaboração com a Direção-Geral da Saúde (DGS), que analisa os principais determinantes da mortalidade e da perda de anos de vida saudável.

De acordo com os resultados dos dados mais recentes (2021) divulgados pelo estudo Global Burden Disease Study (GBD), que recolhe de forma sistemática informação proveniente de 204 países, o elevado consumo de carne vermelha, carnes processadas e sal, bem como o consumo insuficiente de cereais integrais, fruta e hortícolas, foram os comportamentos alimentares inadequados que mais contribuíram para que os portugueses vivessem menos anos com saúde, no ano de 2021.

Além da alimentação inadequada e do excesso de peso, outros determinantes da saúde, indiretamente relacionados com o modo como comemos – tais como glicose plasmática elevada e a hipertensão arterial – são considerados os principais responsáveis em Portugal pelo aparecimento de doenças como a diabetes, neoplasias e doenças cardiovasculares e renais e pela mortalidade associada.

“Foram encontradas diferenças entre homens e mulheres, sendo o contributo do excesso de peso para a carga da doença em Portugal superior nas mulheres (IMC elevado contribuiu para 8,3 por cento do total de DALYs [anos de vida ajustados por incapacidade] nas mulheres contra 6,5 por cento nos homens)”, lê-se em comunicado divulgado.

O estudo permite também analisar os últimos 20 anos (até 2021) e perceber que a pré-obesidade e a obesidade foram os fatores de risco que mais aumentaram a contribuição para a carga da doença em Portugal, contrariamente à tendência de diminuição observada para quase todos os outros fatores de risco. Nestes últimos 20 anos verificou-se um aumento de 28 por cento no contributo do excesso de peso para a perda de anos de vida saudável e de 14 por cento para o total de mortes associadas ao IMC elevado.

No mesmo período em análise, o elevado consumo de bebidas açucaradas (+37 por cento), o elevado consumo de carne vermelha (+23 por cento) e de carnes processadas (+22 por cento), bem como o baixo consumo de hortícolas (+22 por cento), foram os fatores de risco alimentar para os quais se verificou um maior aumento do seu contributo para a perda de anos de vida saudável.

“Estes dados reforçam a necessidade de intensificar os esforços para a implementação de medidas na área da prevenção e tratamento da obesidade. Reforçam ainda a relevância das medidas de saúde pública que a DGS tem vindo a apoiar tecnicamente ao longo dos últimos anos, nomeadamente: o imposto especial de consumo sobre as bebidas açucaradas e as restrições à publicidade destas bebidas dirigida a menores de 16 anos, bem como a limitação da frequência da oferta de carne vermelha e de carnes processadas em espaços públicos, como as escolas e as instituições do Serviço Nacional de Saúde (SNS)”, refere o comunicado divulgado pelo SNS.

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