Projeto telemonitoriza doentes crónicos do Pinhal Interior Norte

  • 24 fevereiro 2023, sexta-feira
  • Gestão

O projeto “S@úde+Perto”, promovido pela Fundação de Nossa Senhora da Guia, quer, através da telemonitorização, reduzir o recurso às urgências e aumentar a qualidade de vida de doentes crónicos do Pinhal Interior Norte.

“O grande objetivo deste projeto é apostar na prevenção a montante do processo e prevenir a agudização do doente crónico, evitando que ele recorra, como recorre nos dias de hoje, a episódios de urgência, internamentos hospitalares, prejudicando o estado de saúde da pessoa, saturando o sistema hospitalar e também depois todos os efeitos colaterais, desde a vida dos cuidadores informais aos cuidadores formais, [ou o] transporte de doentes”, afirmou o coordenador do “S@úde+Perto”, Luís Fareleiro.

Segundo Luís Fareleiro, membro dos órgãos sociais da fundação, que detém o hospitalar de Avelar, é esta abrangência que se pretende provar no final do projeto: “apostar na prevenção, telemonitorizar os doentes, reduz a pressão no sistema” de saúde.

O projeto arrancou em junho de 2022 e terminava no mês de junho de 2023. Resultou de uma candidatura ao programa Portugal Inovação Social, num investimento de 302 225 euros que tem como investidores sociais as Câmaras de Alvaiázere, Ansião, Castanheira de Pera, Figueiró dos Vinhos e Pedrógão Grande (distrito de Leiria), e Penela (Coimbra).

Entretanto, beneficiou de um apoio de 75 mil euros no âmbito do Prémio Seniores, do BPI e Fundação “la Caixa”, que vai permitir prolongar a iniciativa até ao final de 2024.

O projeto passa pela inscrição numa plataforma de doentes crónicos com mais de 65 anos daqueles seis concelhos. Os algoritmos que estão na plataforma gerem a informação recolhida através de dispositivos de medição, que estão nos lares, com a equipa que está a fazer medições, os cuidadores ou o próprio doente.

A plataforma gera depois alertas que são monitorizados por uma equipa de dez enfermeiros e dois médicos do hospital de Avelar.

Atualmente com 120 inscritos, doentes crónicos que estão em lares, o projeto quer chegar aos 500 até junho, incluindo pessoas autónomas, que vivam com cuidadores ou em casa de familiares.

Os dados já recolhidos, desde novembro de 2022, permitem aferir que “a diabetes, até fruto do tipo de doente que está a ser telemonitorizado, é a prevalência principal, seguido da insuficiência respiratória”, precisou Luís Fareleiro.

“Registámos 232 alertas dentro da plataforma e estes alertas são, sobretudo, na área da diabetes. (…) Na área da diabetes, 148 alertas levaram a um ajuste da medicação do doente, 16 levaram a um ajuste do protocolo clínico e seis levaram ao encaminhamento para o médico responsável”, declarou o gestor.

Luís Fareleiro realçou que, dos alertas, “a grande maioria foi gerida pela equipa de enfermagem e apenas sete resultaram em intervenção médica e nenhum destes alertas originou o encaminhamento para as urgências hospitalares”.

Insuficiência cardíaca crónica, doença pulmonar obstrutiva crónica, diabetes ou hipertensão estão entre as doenças analisadas, sendo usados “vários dispositivos diferentes de medição de sinais biomédicos” (oxímetro, tensiómetro, glucómetro, balança, termómetro, entre outros).

De acordo com o coordenador, no início do projeto, foi feita uma “análise dos dados da recorrência aos serviços do Centro Hospitalar e Universitário em Coimbra (CHUC) por parte da população com mais de 65 anos” destes seis municípios, concluindo que “6 661 pessoas [de um universo acima de 11 mil pessoas a partir daquela idade] recorreram em 2019 a episódios no CHUC, num total de 27 775 interações, especificando com 7 565 idas à urgência e 15 278 dias de internamento.

A análise compreendeu também uma avaliação financeira.

“Só esta interação destes 6 661 doentes com o CHUC representa um valor aproximado de oito milhões de euros. Se nós conseguimos gerar uma poupança de 20 por cento, estamos a falar de indicadores que apontarão uma poupança de 1,6 milhões de euros”, assinalou, “ressalvando que não será uma poupança imediatamente direta”, porque estes serviços de telemonitorização também têm de ser financiados.

Ainda assim, o coordenador considerou que, “muito facilmente, só neste território”, se conseguiria “uma poupança de um milhão de euros, melhorando a qualidade de vida dos utentes, retardando a sua agudização – permanecerão mais tempo saudáveis – e, no fundo, com a poupança direta para os custos gerais do Serviço Nacional de Saúde, neste caso concreto dos cuidados hospitalares”.

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