Entrevista a Júlio Machado Vaz

Há mais de 30 anos que o psiquiatra Júlio Machado Vaz se tornou presença habitual se não aos olhos, pelo menos aos ouvidos dos portugueses. Sempre que possível, prefere a associação livre ao registo didático. É nessa tónica que podemos lê-lo nesta entrevista, onde discorre sobre os caminhos que o levaram à comunicação, mas também sobre a sua visão do que deveria ser a organização dos serviços de saúde e a interligação que deveriam ter com outras áreas da sociedade.
Entrevista por Abraão Ribeiro, Paulo Salgado, Fernando Barbosa e Cátia Vilaça | Fotografia por Cátia Vilaça

Fale-nos um pouco do seu perfil.

Eu sou um tripeiro nascido no Bonfim, da colheita de 49. Meu pai era, também ele, tripeiro, professor de Medicina, mas minha mãe uma lisboeta, que tinha como nome artístico Maria Clara e que, numa das suas primeiras digressões, esteve no Porto, conheceu o meu pai, e por aqui ficou.

Tive um trajeto de liceu um pouco cambaleante e stressante, porque em termos legais estava um ano adiantado, o que significava que quando chegávamos à altura dos exames, tinha de voltar atrás.

Depois acabou essa via-sacra e eu queria ir para Letras, e a minha mãe, que me dizia que eu iria para o que quisesse, ao mesmo tempo lembrava-me que o meu pai tinha um laboratório de análises, e quando se reformasse não haveria ninguém para pegar no laboratório. Todos nós sabemos da capacidade de persuasão que as nossas mães têm, por isso, de repente, estava na chamada alínea dos indecisos, que dava para quase tudo em Ciências. Quando passei a ir para a faculdade, descobri que estava em Medicina, coisa que nunca tinha feito parte dos meus planos. Fui para Medicina na Faculdade do Porto, onde o meu pai era professor, o que não vou negar que era um peso para mim.

Quando cheguei ao fim do curso, não senti nenhum apelo particular. Foi a Psiquiatria que me salvou, isto é, sem desprimor para a medicação – e estava a começar a avançar-se na medicação psiquiátrica, embora não com o boom que depois tivemos – pensei: “aqui fala-se com pessoas”. E isso eu gosto de fazer.

Quando fala em boom, refere-se a um certo exagero?

Eu não posso deixar de dizer que fiquei muito impressionado com a progressiva eficácia de terapias como os anti-psicóticos, e com a capacidade de pessoas que eu cheguei a ver consideradas completamente perdidas para a vida social poderem começar a fazer uma vida, em alguns casos, normal, desde que a medicação fosse seguida. Mas sendo eu um homem da palavra, o que imediatamente me apaixonou foi a psicoterapia. Nessa altura, o professor Eurico de Figueiredo apercebeu-se do interesse pela psicoterapia em geral, pela psicanálise, etc., e recomendou-me formação na Suíça. Estive em Chaux-de-Fonds, que eram um ambiente um pouco claustrofóbico. (...)

Leia a entrevista completa na TecnoHospital nº111, mai/jun 2022, dedicada ao tema 'Segurança e Exploração das Instalações Elétricas nas Unidades de Saúde'

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